quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Bernardo: Minha Insegurança ao ter um Filho Menino

Acho que é um pouco incomum ter medo de ter um filho homem. As pessoas costumam querer filhos homens, bichos machos, porque julgam ser mais fácil criar.
O pensamento é tipo "segura suas cabras porque meu bode está solto". Não há frase mais machista, mais ridícula do que essa (na verdade há, mas no momento é a pior que consigo pensar).
Quem tem esse tipo de pensamento, age como se o filho pudesse fazer o que quer. Se ele engravida uma menina, a culpa é dela, e a responsabilidade é dela e da família dela. Pra ele, seria opcional assumir a situação ou não.
Quando se tem filhos homens, nessa linha de raciocínio, não precisa ter cuidado com as companhias dele, ou as roupas que ele vai usar, afinal, é homem, sabe se virar, e se não souber, vai aprender na marra!
Acontece que, aqui comigo, a coisa muda um pouco de figura. Não quero filho meu engravidando menina e depois deixando sua responsabilidade para outros, não o quero andando com pessoas que podem influencia-lo a se meter com coisas erradas, tipo crime, drogas, e etc.
Tenho medo do tipo de criação que dou, pois algo pode falhar e eu acabar colocando mais um monstro no mundo, como se não bastasse os que já tem.
Sou capaz de denunciar meu próprio filho, se um dia eu souber que ele agrediu uma mulher somnte pelo fato de ser uma mulher, ou agrediu um gay só pela pessoa ser gay.
Sei que um dia ele vai brigar com alguém, mas eu quero que ele entenda que não deve agredir uma mulher, pois homens quase sempre tem muito mais força física do que mulheres. Por mais que uma mulher faça a ele, o correto é ter paciência e deixar de lado. Isso se chama atitude de homem de verdade!
Eu acredito que não seja a toa que existam mais presídios masculinos do que femininos, parece que os homens tem mais facilidade para acabar na vida criminosa.
Não tenho tanto medo de ter uma filha adolescente grávida, mas tenho pavor de ter um filho machista e agressor de mulheres!
Eu tento, com todas as minhas forças, ser justa e criar o Bernardo assim como eu crio a Sabrina, sem diferenças, sem privilégios ou dificuldades relacionadas ao sexo deles. Uso a idade para definir o que cada um deve fazer.
Sei que o mundo está aí, e que os maus exemplos estão em toda parte, mas o jeito é pegar um pouco pesado em casa mesmo. Pesado o suficiente para não deixa-lo pensar que é superior só por ser homem, e de uma forma que eu não o sobrecarregue, pois isso pode gerar uma revolta dentro dele, o que vai acabar dando o efeito contrário ao que eu quero.
Espero que eu consiga fazer do meu filho um homem de verdade, e não somente um ser que tem um pênis e se acha um deus por isso.
E eu pensando que seria tranquilo ter filho homem, assim como era tranquilo ter filha mulher... Atenção redobrada nele!