segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O dia em que parei de mandar minha filha andar logo

O texto abaixo foi publicado originalmente em inglês no blog “Hands free mama” e é de autoria de Rachel Macy Stafford, uma professora de educação especial. A tradução para o português foi feita pela equipe do Portal Aprendiz. Clique aqui para ler o texto original no inglês.


Quando se está vivendo uma vida distraída, dispersa, cada minuto precisa ser contabilizado. Você sente que precisa estar cumprindo alguma tarefa da lista, olhando para uma tela, ou correndo para o próximo compromisso. E não importa de quantas maneiras você divide o seu tempo e atenção, não importa quantas obrigações você cumpra em modo multi-tarefa, nunca há tempo suficiente em um dia.

Essa foi minha vida por dois anos frenéticos. Meus pensamentos e ações foram controlados por notificações eletrônicas, toques de celular e uma agenda lotada. Cada fibra do meu sargento interior queria cumprir com o tempo de cada atividade marcada na minha agenda super-lotada, mas eu nunca conseguia estar à altura.

Veja bem, seis anos atrás, eu fui abençoada com uma criança tranquila, sem preocupações, do tipo que para para cheirar flores.

Quando eu precisava sair de casa, ela estava levando seu doce tempo pegando uma bolsa e uma coroa brilhante.

Quando eu precisava estar em algum lugar há cinco minutos, ela insistia em colocar o cinto de segurança em seu bichinho de pelúcia.

Quando eu precisava pegar um almoço rápido num fast-food, ela parava para conversar com uma senhora que parecia com sua avó.

Quando eu tinha 30 minutos para caminhar, ela queria que eu parasse o carrinho e acariciasse todos os cachorros em nosso percurso.

Quando eu tinha uma agenda cheia que começava às 6h da manhã, ela me pedia para quebrar os ovos e mexê-los gentilmente.

Minha criança sem preocupações foi um presente para minha personalidade apressada e tarefeira – mas eu não pude perceber isso. Ó não, quando se vive uma vida dispersa, você tem uma visão em forma de túnel – sempre olhando para o próximo compromisso na agenda. E qualquer coisa que não possa ser ticada na lista é uma perda de tempo.

Sempre que minha criança fazia com que desviasse da minha agenda principal, eu pensava comigo mesmo: “Nós não temos tempo pra isso.” Consequentemente, as duas palavras que eu mais falava para minha pequena amante da vida eram: “anda logo”.

Eu começava minhas frases com isso:

Anda logo, nós vamos nos atrasar.

Eu terminava frases com isso:

Nós vamos perder tudo se você não andar logo.

Eu terminava meu dia com isso.

Anda logo e e escove seus dentes. Anda logo e vai pra cama.

Ainda que as palavras “anda logo” fizessem pouco ou nada para aumentar a velocidade de minha filha, eu as dizia de qualquer maneira. Talvez até mais do que dizia “eu te amo”.

A verdade machuca, mas a verdade cura… e me aproxima da mãe que quero ser.

Até que em um dia fatídico, as coisas mudaram. Eu havia acabada de pegar minha filha mais velha de sua escola e estávamos saindo do carro. Não indo rápido o suficiente para o seu gosto, minha filha mais velha disse para sua irmã pequena, “você é lenta”. E quando, após isso, ela cruzou seus braços e soltou um suspiro exasperado, eu me vi – e foi uma visão de embrulhar as tripas.

Eu fazia o bullying que empurrava e pressionava e apressava uma pequena criança que simplesmente queria aproveitar a vida.

Meus olhos foram abertos; eu vi com clareza o dano que minha existência apressada estava causando às minhas duas filhas.

Com a voz trêmula, olhei para os olhos da minha filha mais nova e disse: “Me desculpe por ficar fazendo você se apressar, andar logo. Eu amo que você, tome seu tempo e eu quero ser mais como você”.

Ambas me olharam surpresas com a minha dolorosa confissão, mas a face da mais nova sustentava o inequívoco brilho da aceitação e do reconhecimento.

“Eu prometo ser mais paciente daqui em diante”, disse enquanto abraçava minha filha de cabelos encaracolados. Ela estava radiante diante da promessa recém-descoberta de sua mãe.

Foi bem fácil banir o “anda logo” do meu vocabulário. O que não foi tão fácil foi adquirir a paciência para esperar pela minha vagarosa criança. Para nos ajudar a lidar com isso, eu comecei a lhe dar um pouco mais de tempo para se preparar se nós tivéssemos que ir a algum lugar. Algumas vezes, ainda assim, ainda nos atrasávamos. Foram tempos em que eu tive que reafirmar que eu estaria atrasada, nem que se fosse por alguns anos, se tanto, enquanto ela ainda é jovem.

Quando minha filha e eu saíamos para caminhar ou íamos até a loja, eu deixava que ela definisse o ritmo. Toda vez que ela parava para admirar algo, eu afastava os pensamentos de coisas do trabalho e simplesmente a observava as expressões de sua face que nunca havia visto antes. Estudava com o olhar as sardas em sua mão e o jeito que seus olhos se ondulavam e enrugavam quando ela sorria. Eu percebi que as pessoas respondiam quando ela parava para conversar. Eu reparei como ela encontrava insetos interessantes e flores bonitas. Ela é uma observadora, e eu rapidamente aprendi que os observadores do mundo são presentes raros e belos. Foi quando, finalmente, me dei conta de que ela era um presente para minha alma frenética.

Minha promessa de ir mais devagar foi feita há quase três anos e ao mesmo tempo eu comecei minha jornada de abrir mão das distrações diárias e agarrar o que importa na vida. E viver num ritmo mais devagar demanda um esforço concentrado. Minha filha mais nova é meu lembrete vivo do porquê eu preciso continuar tentando. E de fato, outro dia, ela me lembrou de novo.

Nós duas estávamos fazendo um passeio de bicicleta, indo para uma barraquinha de sorvetes enquanto ela estava de férias. Após comprar uma gostosura gelada para minha filha, ela sentou em uma mesa de piquenique e observou deliciada a torre gélida que tinha em suas mãos.

De repente, um olhar de preocupação atravessou seu rosto. “Devo me apressar, mamãe?”

Eu poderia ter chorado. Talvez as cicatrizes de uma vida apressada nunca despareçam completamente, pensei, tristemente.

Enquanto minha filha olhava para mim esperando para saber se ela poderia fazer as coisas em seu ritmo, eu sabia que eu tinha uma escolha. Poderia continuar sentada ali melancolicamente lembrando o número de vezes que eu apressei minha filha através da vida… ou eu poderia celebrar o fato de que hoje estou tentando fazer as coisas de outra forma.

Eu escolhi viver o hoje.

“Você não precisa se apressar. Tome em seu tempo”, eu disse gentilmente. Toda sua cara instantaneamente abrilhantou-se e seus ombros relaxaram.

E então ficamos sentadas, lado a lado, falando sobre coisas que crianças de 6 anos que tocam ukelele gostam de falar. Houve momentos em que ficamos em silêncio, sorrindo uma para a outra e admirando os sons e imagens ao nosso redor.

Eu imaginei que ela fosse comer todo o sorvete – mas quando ela chegou na última mordida, ela levantou uma colherada repleta de cristais de gelo e suco para mim. “Eu guardei a última mordida pra você, mamãe”, disse orgulhosa.

Enquanto aquela delícia gelada matava minha sede, eu percebi que consegui um negócio da China. Eu dei tempo para minha filha e em troca ela me deu sua última mordida de sorvete e me lembrou que as coisas tem um gosto mais doce e o amor vem mais dócil quando você para de correr apressada pela vida.

Seja comendo sorvete, pegando flores, apertando o cinto de bichinhos de pelúcia, quebrando ovos, encontrando conchinhas, observando joaninhas ou andando na calçada.

Nunca mais direi: “Não temos tempo pra isso”, pois é basicamente dizer que não se tem tempo para viver.

Tomar seu tempo, pausar para deleitar-se com as alegrias simples da vida é o único jeito de viver de verdade – acredite em mim, eu aprendi da especialista mundial na arte de viver feliz.


Juninho, um machista no capricho

Por Miguel Rios

Juninho nasceu. Dia de festa na família, de orgulho. O filho varão. Quarto azul, roupinhas azuis. Azul é o ursinho. Azul é o chocalho. Trata-se de um menino, homem, e tem logo que ser identificado com tal. Não deixar dúvidas.

Juninho é carregado pelos tios e logo seu pênis, mesmo diminuto, é louvado. "Pintão!". "Esse puxo ao tio!" As tias se apressam em arranjar um par para quem tem um dia de vida. "Agora a filha de Maria e João tem com quem namorar", diz uma. "Tem também a de Pedro e Juliana", lembra outra. Chegam logo a um consenso que ele dará conta de todas. 

É garanhão. É homem. Surge a conclusão que ele estava virado para o lado direito, pois, nessa posição, poderia ficar de olho na menininha ao lado no berçário. Conversa vai conversa vem, alguém lança a teoria que quando ele chora as garotinhas se calam para escutar o grito másculo do conquistador. 

Juninho é homem e como homem será criado. É uma família que nutre a testosterona, a macheza, com muito cuidado. Não podem fraquejar, por tudo a perder. 

O menino cresce e é teleguiado na ordem. Bola e carrinho. Falcon e Comandos em Ação. Um dia Juninho tocou em uma Barbie. De imediato foi repreendido. "Não é para menino". Ele beijou um amiguinho na bochecha. Recebeu uma bronca maior. Roubou um beijo na boca da coleguinha. Quanta alegria dos pais, que fingiram desaprovar diante dos familiares da garota, mas comemoraram em casa o avanço do amado homenzinho. "Esse não nega. Vai pegar todas. Hehehehe!" Como o pai está feliz. 

É gradual. Juninho aprende a ser homem, macho, como se espera, é o que tem que ser. O tio o abraça e pergunta: "Quantas namoradas já tem na escola?" Juninho responde: "Sete". O abraço fica ainda mais apertado. Respondeu assim... na obrigação, no escapa. De tanto ser questionado e ficar perdido sem saber o que falar, contou as amigas de classe e jogou o número na inocência. Foi premiado, viu que agradou. Tempos depois aumentou para oito. Mas comemorado ainda. Juninho fixou que quanto mais aumenta a soma, mais homenageado é.

Aprendeu. Homem tem que pegar muitas, tem que contar que pega muitas e aí causa contentamento. Mulher é feita para ser apanhada. Juninho já sabe que isso "é coisa de homem", que "homem é assim mesmo", "que quem quiser que prenda suas cabritas que o meu bodinho está solto". Juninho fixou. 

Chegou na adolescência e tem consciência de que o mundo é machista, desde o começo é desse jeito, fim de papo. Ele dos que saem e paqueram. Dos que se ligam em uma garota e vão para cima. Dos que acham que a fêmea tem que ceder, que sua cantada é imbatível, que insistir é fundamental.

Juninho aprendeu com os parças que a mulher vai ali para ser incomodada, que ela faz doce, mas ela está querendo, que não tem que abrir para o beicinho dela, que macho que é macho não desiste. Ele já beijou forçando, puxou cabelo, levou tapa na cara e bateu de volta. 

Juninho modelou a mente para identificar a menina para ficar e a para namorar. Normas que ele segue à risca, porque homem que é homem de respeito não se liga à vagabunda, não quer ouvir "tás com uma rodada?". Para namorar é a menina com menos fama de ficante possível. A comportada. A virginal. Para dar uns pegas é a liberta, a sem amarras, que ele conhece como piranha. A que não vai rejeitá-lo. A que taxaram como sempre disponível. Que é ir lá e pimba!, já pegou. Que se recusar ele tem o direito de reclamar: "Como assim ele ser recusado?", "Como assim aquela puta posar de difícil?". Juninho não entende. Não admite. Não foi o que lhe disseram desde sempre, está fora do eixo. 

Não é o que lhe cobram. Juninho sabe que precisa corresponder. Caso algum requisito do macho ideal falte em sua ficha, ele tem que pagar. Preço, para ele, duro. 

Se Juninho tropeçar diante da banca examinadora, que nunca para de fiscalizar, é chamado de gay. Instantâneo. Se fraqueja na caça sexual, é veado. Se usa um sapato fora das regras, é boiola. Se pede um chá na cantina da escola, é bicha. 

Inadmissível para ele. Juninho foi doutrinado para pensar que, mas que tudo, homossexualidade é o que há de pior. Que seus tios e tias, primos e primas, avôs e avós, mãe e pai, sempre o guiaram no cabresto, com tanta pressão, tanta vigilância, tanto esforço, para evitar a desgraça. Que ele pode ser tudo. Machista, tarado, bandido, dar desfalque, trair um amigo, ser violento, mandar pessoas para o hospital. Tudo. Menos a desonra de ser gay. 

Juninho treme apenas em pensar na possibilidade de que alguém bote sua macheza em dúvida. Nunca. Logo ele que para desmerecer chama logo de veadinho. Logo ele que vai para o estádio torcer e grita sem parar "Fulano, veado", "Time de mariquinhas". Que nem cogita ter um jogador homossexual manchando as cores de seu manto sagrado. Que caso ocorra vai ameaçar o cara,manda sair, já em pânico pela chacota que o adversário vai fazer pelo resto da vida. 

Logo Juninho que não lava um prato, nem arruma a cama por ser trabalho de mulher. Logo ele que abusa dos gesto viris. Que abraça amigo quase na porrada para que o afeto não seja confundido com delicadeza. Que grita palavrão quando uma garota de minissaia passa, que coleciona Playboys, que de jeito nenhum chora porque nada a ver ser sensível, que transa mesmo sem estar a fim apenas para manter a reputação intacta. 

Que acha que o mundo corre perigo de enveadar por causa dos direitos LGBTs. Que ficou sabendo que ativista homossexual é gayzista, que ser homofóbico é apenas bater em gays, que destratar, querer que continuem subcidadãos, subalternos, é defender o orgulho hétero, as famílias, a ordem natural. Que acha o mundo é hipócrita, já que ninguém quer ter filho gay, mas ficam defendendo.

Juninho é algoz e vítima. O mundo, que ele tanto acredita ser imutável, que como está deveria ficar, solidificou aos poucos, desde quando bateu suas primeiras palminhas, o que ele prega. 

O mundo de Juninho é o de verdades velhas, fabricadas por interesse, de seus antepassados, que ele absorveu como suas. De que há pessoas subordinadas, que o lugar delas é aquele, que não têm nada que contestar. Elas têm é que se contentar. 

Juninho é um rei. Está no lucro. Posto no topo da cadeia alimentar, em um ecossistema onde outros são presas. Para capturar, acasalar, procriar ou para destruir. Ele luta para perpetuar seu lugar dominante. 

Juninho não atenta, em seu silêncio crítico e criativo, o quanto ele nada tem de atitude. De ele mesmo. É um papagaio, uma cópia. Um escravo, que asfixiou uma parte de si para dar satisfação, se moldar ao que se quer dele. É passivo. 

Mas Juninho está nem aí, nem vai chegando. Raciocínios novos são frescuras de veado. Ficar lamentando injustiça é mimimi de veado. Homem bebe, arrota e dá no couro. E fica tudo bem. 

Juninho tem mais é que se preocupar com o casamento que se aproxima. Com menina que ele desvirginou e engravidou. Não está muito na de juntar as escovas de dente, já caiu na greia dos companheiros, de que vai para a forca, que perder a liberdade, mas ele se compromete a não deixar a farra e a pegação. "Mulher em casa nada impede mulher na rua". E arranca gargalhadas. Se não der certo, separa e volta por completo para a curtição.

O importante é que Netinho nasce daqui a seis meses. Enxoval azul já encomendado. Max Steel e Hot Wheels na prateleira. Netinho vai puxar ao pai. Macho todo. 




domingo, 25 de agosto de 2013

Tentantes Menores de Idade

E SE MINHA FILHA ENGRAVIDAR SENDO MENOR DE IDADE?

Eu fico só imaginando, se um dia minha filha aos seus 13 anos chega em casa dizendo "Mãe, to grávida!", como ficaria a minha cabeça.
Eu teria de me preocupar não só com a minha criança, mas também com a dela, ou seja, duas crianças! Isso se não for uma gravidez múltipla né...
Penso que teríamos de enfrentar a maior barra, para que essa criança pudesse ter uma vida digna, afinal, é o único inocente nisso tudo.
Agora, penso que, se descobrir que minha filha está tentando ter um filho, eu mesma aplico anticoncepcional nela, e quero ver algum órgão de defesa à criança tentar me impedir!!! Afinal, ela não poderá assumir inteiramente essa criança, e sem querer, eu acabarei ganhando um filho!
EU terei de estar presente em todas as decisões importantes da vida do filho dela, desde o registro, até uma cirurgia se for necessário!
Se eu quiser ter um filho, eu terei. Quero muito ser avó um dia, mas é esse o papel que quero desempenhar, o de avó! Não quero precisar assinar nada dos meus netos como se fosse a mãe.
Se acontecer, minha filha não vai morar na rua, tampouco se casar numa idade dessas... Ela vai aprender a ser mãe como se deve, e vai abrir mão de muitas coisas, querendo ou não...

"TENTANTES" MENORES DE IDADE

É inacreditável o número de meninas que estão tentando engravidar aos 12,13,14,15,16 e 17 amos de idade!!!
As justificativas são as piores possíveis: "É meu sonho", "Eu e meu namorado queremos formar nossa família", "Sei cuidar de criança, pois já cuidei do meu irmãozinho", "Não tem motivos pra adiar um sonho", e muitas outras explicações sem argumento.
Lendo o que essas meninas postam nas redes sociais (acreditem, elas postam TUDO), os pais nem sabem que a gravidez foi "planejada".
Falando em planejamento, não se pode planejar nada se não há uma estrutura financeira, e meninas menores de idade não tem essa estrutura, salvo raras exceções.
Muitas dizem que tem marido que sustenta, namorado que ganha bem. Nenhuma pensa que relacionamentos podem não ser eternos, e que muitos homens, diante da responsabilidade que traz um filho, acabam surtando e abandonando mulher grávida, pra ir viver a vida, alegando não estarem prontos para a paternidade.
Acredito que toda mulher pode e deve optar por ficar em casa cuidando dos filhos e afazeres domésticos, ou por sair para trabalhar fora, mas mesmo as que optam por cuidar do lar, devem ter uma carta na manga, no caso de dar errado e precisarem sustentar-se sozinhas e aos filhos. Deixar de estudar, ler, se informar e ter conhecimentos, jamais! 
Namorado ou marido ganhando bem não é garantia! Supondo que haja uma separação, o homem provavelmente pagará uma pensão para o filho apenas, e nem sempre o valor dá para sustentar uma criança.
Uma menina nova não tem uma carta na manga, pois antes dos 17 anos, a maioria ainda nem concluiu o ensino médio, que hoje em dia, não garante nada em termos profissionais. Ensino médio só serve para garantir que a pessoa consiga se matricular em um curso superior mais tarde.
A maior furada é ter filho pensando que vai voltar a estudar depois. Muitas não conseguem, pois criança não dorme a noite toda, e nem sempre fica com os outros, isso quando alguém realmente quer cuidar de filho alheio. Mães e sogras não são eternas, e tem suas próprias vidas! Se em algum momento elas não podem cuidar de filho dos outros para a mãe novinha estudar, o que será dos estudos dessa pessoa??? Decidir ter filhos antes de concluir os estudos, é fazer planos sem base sólida.
Essas meninas parecem não saber que filho exige esforço, muitas vezes, sobre-humano! Uma menina nova não tem necessidade de passar por isso sendo tão jovem! 
Meninas novas não deveriam trazer crianças ao mundo como se fossem bonecas compradas em lojas, que são o sonho de toda menina, e que devem ser realizados a qualquer custo, pois as bonecas, quando já não são mais tão interessantes como eram nos sonhos das meninas, são deixadas de lado, mas com filhos não se pode fazer isso, não se pode cansar do choro e tirar as pilhas.
Não estou dizendo que meninas novas são péssimas mães, pois já vi muita menina que é mãezona! Mas infelizmente, só amor não enche barriga de ninguém, e muitas delas tiveram de depender da boa vontade de outros para sustentar seus filhos. Muitos dos namorados se afastaram, ou não colaboram financeiramente na criação da criança.
Infelizmente, na realidade em que vivemos, filho é responsabilidade maior da mãe! Dependendo da situação, a pensão não é suficiente nem para os gastos básicos de uma criança, então, quem vai precisar prover o resto é a mãe!
Nem sempre as famílias das mães podem ou querem ajudar. Nem sempre essas meninas tem família. Nem sempre a família do pai da criança pode ou quer ajudar também. 
Quem pensa em colocar uma vida no mundo, precisa pensar em todas as alternativas, para que não haja tanto sofrimento na vida de um ser que não veio ao mundo por acaso.
Planejar algo não é simplesmente dizer que vai faze-lo! Planejar envolve ter condições e várias alternativas, envolve todos os envolvidos estarem de pleno acordo, e principalmente, já ter a maturidade necessária, e não adquirir ao longo do processo (o que muitas não conseguem).
Argumentos como "tem mãe adolescente que é melhor do que muita mãe adulta" ou "idade não define maternidade" se quebram a partir do momento em que sabemos que adolescentes também abandonam filhos, usam drogas na gestação e deixam filhos sendo cuidados por outras pessoas. Tem mães de várias idades que fazem isso, e as adolescentes não estão isentas, mas elas argumentam como se estivessem.
Adolescentes acham que podem ter o mundo, e o querem para ontem, mas se esquecem que nenhum sonho se realiza da noite para o dia, nem o da maternidade deveria, só porque é fácil fazer um filho!
Acredito que adiar um sonho desses só pode ser benéfico, pois além de uma estrutura psicológica e financeira mais definidas, também a pessoa pode saber se seu relacionamento vai durar depois que acabar a adolescência e a personalidade se definir melhor. Quanto mais garantias, melhor!


terça-feira, 20 de agosto de 2013

Quando os outros decidiram sobre o meu parto...

"DESNE"CESÁREA

Minha primeira filha nasceu de cesárea.
Antes que você se pergunte o motivo, a resposta é não! Ela não correu riscos, minha gestação foi perfeita, tudo foi lindo! Ela estava em posição cefálica, com um peso bom e tamanho bom, tudo muito bem!

Engravidei da minha filha quando tinha 18 anos, e naquela época, pra mim, o que um médico dizia era lei, era a verdade absoluta inquestionável. Eu não sabia que ele era apenas um ser humano, assim como eu, e que o conhecimento que ele possui, eu também tinha capacidade de adquirir.
Meu pré natal começou tarde, aos 3 ou 4 meses de gravidez, pois eu não sabia que precisava fazer desde sempre, e como minha mãe, que também não tinha toda informação necessária, disse que não tinha tanta necessidade, fiz dessa forma.
Quando fui me aproximando das 40 semanas, comecei a me preocupar como seria meu parto, onde, e qual médico faria (hoje só aceito que eu mesma faça meu parto com a ajuda do médico).
A médica disse que precisaria acertar com a maternidade para poder realizar meu parto lá, onde eu queria, por escolha minha. 
Como naquela época meu plano de saúde cobria qualquer maternidade que eu quisesse, eu decidi por uma que me parecia o lugar perfeito.
Fui visitar, e me falaram de índice de infecção hospitalar, hotelaria, segurança, etc etc etc... Me falaram de TUDO, menos do índice de cesáreas, que passa de 90%.
Se eu soubesse, teria desconfiado, mas não sei se teria mudado de ideia, pois para a minha mentalidade na época, hospital bom era assim mesmo, e maternidade pública mataria minha filha forçando um parto normal até eu não aguentar mais e ir parar em uma cesárea, depois de sentir toda a dor (é incrível o quanto nos fazem pensar que somos incapazes, e que vamos parar em uma cesárea, de um jeito ou de outro!), e ainda tinha o risco da infecção hospitalar ou de roubarem minha bebê. Eu não poderia estar mais enganada.
Minha médica não resolveu o que deveria, então, meus pais decidiram me levar no médico da família, que tinha feito vários partos de tias minhas, inclusive da minha madrasta e da minha mãe. Só para acrescentar, de 7 dos partos que eu sei que ele fez, 5 foram cesáreas, e nesse ano de 2013, em uma conversa com essas minhas tias, descobri que a desculpa foi sempre a mesma. Contando comigo, já seriam 8 partos, sendo 6 deles, cesárea. Como não enxerguei isso antes???

Minha mãe sempre me falou muito bem de suas cesáreas, e minha avó sempre me falou muito mal de seus partos normais. Isso pesou muito na minha decisão. A questão é que eu não tinha parado pra pensar que nem minha mãe, nem minha avó tinham vivido os dois tipos de parto para fazer uma comparação justa. Eu comparei os argumentos de duas pessoas completamente diferentes, com corpos e percepções distintas, além da tolerância a dor, que é diferente de mulher para mulher. Não pensei o quanto poderiam ter entupido minha mãe de medicamentos para que ela não sentisse nada, e que minha avó pariu naturalmente, então, obviamente, sentiu a dor das contrações e do parto.

Uma receita de "sucesso" para terminar em cesárea: uma garota de 18 anos, mal informada, sem os recursos que temos hoje em dia (internet, sites de pesquisas, blogs de mães, entre outros), com medo, nas mãos de médico cesarista, com um baita plano de saúde que cobre qualquer coisa, em qualquer hospital, véspera de dois feriados importantíssimos (Natal e Ano-Novo), e descaso da médica anterior.

Acabei na faca, tendo minha filha de cesárea marcada, para o dia 20 de dezembro de 2003, antes dos feriados, pois meu pai foi viajar e eu tive medo de entrar em trabalho de parto no meio das festas e acabar em um hospital carniceiro que me forçaria ao parto normal até a morte da minha filha, para depois terminar em uma cesárea onde retirariam o corpinho dela (Fala sério, que loucura pensar assim!).
Me perdoo por estar insegura, afinal, TODA grávida se sente insegura, é natural. 
Só penso o quanto não consigo perdoar o meu médico, por não ter me falado que a cesárea me deixaria com consequências, talvez, para o resto da vida.
Aquela cicatriz minúscula não é nada, NADA se comparado ao que poderia ter acontecido ao retirar minha filha antes da hora dela, nada se comparado a ter uma cicatriz no útero sendo uma pessoa tão novinha, nada se comparado ao risco de piorar a anemia que eu estava na época, de tanto sangue que perdi...

Não me conformo, como pode um médico submeter uma jovem cheia de saúde a um procedimento tão invasivo, tão desnecessário, tão arriscado???
Eu poderia parir, melhor do que pari meus outros filhos, pois eu era cheia de energia! 
Eu não sabia que, se engravidasse em pouco tempo, teria de fazer outra cesárea. E depois de duas cesáreas, possivelmente, nunca mais poderia ter um parto normal...
Ele não pensou que minhas decisões poderiam ser outras no futuro? Que eu poderia não querer mais cesárea? Que eu, um dia, poderia querer vivenciar o parir de uma forma mais natural? Eu era tão nova! É CLARO que eu poderia ter mais filhos... Ele não imaginou que um dia eu pudesse me informar e descobrir o quanto é lindo, natural, saudável, menos arriscado, e muito mais de acordo comigo, parir meus filhos???

Se eu tivesse sido informada, com tudo o que tenho de direito, e soubesse das minhas decisões, certamente eu não poderia culpar ninguém, afinal, cada uma é dona do seu corpo e sabe onde seu calo aperta, mas sou radicalmente contra a escolha sem informação, o escolher por escolher...
Tenho certeza que, mesmo as mulheres tendo o direito de escolha, se tivessem mais informações, dificilmente escolheriam a cesárea.

Eu nunca havia me arrependido do meu parto, minha cesárea foi tranquila, minha recuperação excelente! Uma vizinha que também foi submetida a cesárea, me perguntava como eu conseguia subir e descer escadas, pois ela não levantou da cama por um mês. 
Apesar de não ter chegado a isso, me lembro do quanto eu me sentia feliz com a chegada da minha princesa, mas não podia rir, pois doía o corte... Tossir, espirrar ou levantar da cama também eram tortura! Eu fazia tudo, pois sou muito tolerante a dor, mas sim, senti doendo todo o meu corpo!
Hoje em dia eu me pergunto: PRA QUE ISSO??? Eu poderia ter parido minha filha, poderia ter sentido a dor, mas depois da chegada dela, eu poderia rir a vontade! As pessoas poderiam me falar coisas engraçadas sem eu precisar pedir para pararem, assim como levantar para amamentar minha filha (quase ia me esquecendo de dizer que meu leite demorou a descer por causa da cesárea marcada), ou também, não sentir pânico se percebesse que iria tossir ou espirrar.

No fundo, no fundo, meu corpo talvez não quisesse isso, pois me lembro de ter ficado tão nervosa, que meus ombros doíam insuportavelmente durante a cirurgia. Eu já havia me estressado com meu pai e meu ex brigando na minha frente, mas quando começaram todo o procedimento, foi demais para mim. Não quero sentir aquela dor nunca mais! Muita tensão!

Nos estágios do curso de enfermagem, tive oportunidade de assistir partos ao vivo, foi a melhor parte daquele curso! Amei!!!
Então, assisti a alguns partos normais, é bonito de se ver, até me emocionei... Pude acompanhar os procedimentos no recém nascido (hoje em dia, sinto como se tivesse roubado o lugar da mãe nesses primeiros momentos), e era muito bom.
Quando assisti a uma cesárea, me senti enojada! O cheiro de carne queimada por causa do bisturi elétrico, aquele puxa-daqui-empurra-de-lá, e o rasgo no útero... Na hora do nascimento me emocionei demais, da mesma forma, mas pensei: NUNCA MAIS deixo fazerem isso comigo novamente, com meu corpo, nem com um filho meu!
E quase me esqueci disso...

PARTO NORMAL HOSPITALAR. NEM TÃO NORMAL ASSIM!

Tive meu filho de parto normal, pois estava sem plano de saúde, então sabia que nem poderia escolher.
Na época, o que tinha visto no curso estava fresquinho na memória, então, eu me senti muito segura do meu parto normal, e estava louca para experimentar essa nova experiência na minha vida!
Gravidez linda, perfeita, saudável, meu filho super bem, posição cefálica, tudo certo para um parto normal.
Completamos 37 semanas e 2 dias, e a bolsa estourou. Imaginei que meu filho cairia por entre as pernas e corri pro hospital, o que abriu espaço para vários e vários procedimentos desnecessários.
Assim que cheguei, colocaram o soro com Ocitocina, e não me deixavam levantar.
Quando a dor começou, pedi qualquer coisa para aliviar. Fiquei horas e horas com aquela dor insuportável e só ganhei um banho quente, isso quando meu filho já estava quase nascendo.
O resto do tempo tive de ficar ali, deitada naquela cama, com aquele elástico horroroso me espremendo, para fazer o exame que avaliava os movimentos e batimentos do bebê, assim como minhas contrações, e calada, pois tive medo de gritar e ser maltratada, assim como presenciei em meus estágios. Violência Obstétrica, eu não conhecia esse termo, mas era disso que eu tinha medo! Sabia que eles judiavam mais das que faziam escândalo, Muito triste sentir uma dor insuportável, provocada pelo medicamento que eles me deram, e não poder gritar!
Já na sala de parto, não precisei fazer muita força para meu filho sair, decidi me dedicar de corpo e alma em apenas uma, para me livrar logo daquilo, já não aguentava mais sofrer!
Apertei o ferro da cama, e na pior posição possível para se parir, meu filho apareceu. Não saiu em uma força só, mas sairia naquela de qualquer jeito, então coloquei toda a força que poderia ali, e saiu a cabeça. Não demorou a sair o corpinho, pois quase me matei ali para forçar. Terminei com as mãos roxas, esgotada, sem forças para segurar meu filho...
Percebi que tive um sangramento forte, uma cólica das piores, e apaguei. Até hoje não sei se dormi ou desmaiei, só tive tempo de sentir a enfermeira apertando minha barriga, ver o sangue jorrando pela sala inteira, e de pedir para que segurassem meu filho antes que eu o deixasse cair.
Fui acordar no corredor, sem nem saber qual daqueles bercinhos tinha dentro o meu filho, e não o filho de uma outra pessoa.
Percebi que fizeram uma episiotomia, mas achei normal, pois aprendi que era procedimento padrão dos hospitais, para não correr o risco de rasgar e não conseguirem suturar o corte irregular. Hoje em dia, sei da violência que meu corpo sofreu sem necessidade!
Me senti muito insegura com o parto normal depois disso, pois pedi tanto por um alívio e ninguém me deu nada, nem me deixaram levantar para passar o tempo mais depressa, eu não podia gritar, tive de controlar os gemidos... Tudo isso só fez a dor piorar, e parecia uma eternidade olhar para o teto da sala de pré parto, sem companhia, sem nada para me distrair, e sem conseguir dormir a madrugada toda...

DEPOIS DE DUAS PERDAS, DUAS CURETAGENS, OUTRO PARTO NORMAL HOSPITALAR

Desde que engravidei, por questão de insegurança com toda aquela dor, por morar em um lugar de difícil acesso, por medo de piorar a hérnia que tenho no umbigo, e principalmente, por querer fazer uma laqueadura, optei pela cesárea.
Cheguei a perguntar para o meu médico como seria, e ele cobrou a tal taxa de disponibilidade, o que mee custaria um dinheiro que eu não tinha.
Aos poucos, fui me lembrando do que tinha visto, das dores pós cirúrgicas, e percebendo que, agora que tenho minha casa e não moro com a família, para ter ajuda, não poderia ter uma recuperação difícil. Eu precisava estar inteira pra cuidar de tudo!
Fora que eu não queria fazer aquilo com meu corpo outra vez!
Sonhei em amamentar minha bebê, em dar o melhor para ela, mas minha experiência com amamentação sempre deu errado (também por falta de informação). Sabia que, se marcasse cesárea, dificultaria tudo, e possivelmente, teria mais uma experiência fracassada.
Decidi que queria parto normal, porém, com anestesia e sem Ocitocina. Decidi que não queria ser cortada, se não fosse caso de extrema necessidade. 
Fui firme na escolha de esperar o trabalho de parto se iniciar em casa, e ir para o hospital quando estivesse quase parindo, para evitar procedimentos desnecessários, mas meu médico (o mesmo que me fez a primeira cesárea) me abandonou quando decidi esperar pelo parto normal, e me deu alta com 37 semanas, me deixando somente com uma carta de internação para quando eu sentisse dores rítmicas ou quando estourasse a bolsa. Eu não sabia exatamente o que fazer, então decidi ir ao hospital no fim de semana fingindo uma dor, para receber orientação, pois estava com 40 semanas, com muitas contrações, mas nunca ritmadas.
Acordei com muitas dores, que já estavam intensas há 2 dias, e fui para a maternidade. Cheguei lá com 5 centímetros de dilatação, quase parindo, do jeito que eu queria.
Apesar de ter sido meu melhor parto, teve uns detalhes que não gostei, como por exemplo, a médica só ter me questionado se poderia estourar a bolsa para examinar o líquido amniótico. De resto, chegaram com Ocitocina (que eu não sei porque aceitei passivamente, mas nem deu tempo de fazer efeito), me cortaram sem nem eu saber, e a enfermeira me "ajudou" a empurrar, com o braço sobre minha barriga, pois eu não havia comido nada, estava fraca e isso diminuiu os movimentos da Mel dentro da barriga, mas mesmo assim, não me deram a opção de comer nada... Como alguém pode ter energia pra parir assim???
Agora vou falar da bendita anestesia: INÚTIL!
Me livrei de 10 minutos de dor, que não estava tão forte, afinal, era meu corpo naturalmente me fazendo sentir o que eu realmente precisava, sem exageros.
O anestesista errou umas 5 vezes, o que me deixou com mais dor ainda, e me impediu de aproveitar o momento de dar as boas vindas para minha bebê.
Precisei ficar longe dela depois do parto para me recuperar, enquanto ela precisava do meu colinho, do meu cheiro, pois ela acabou de nascer, de chegar em um lugar completamente estranho, e a única referência de segurança pra ela era o cheiro da mamãe! Ela deve ter sentido uma sensação horrível longe de mim, assim como eu senti longe dela! Eu já tinha aprendido que não era fácil nascer, como eu pensava que era lá aos meus 18 anos... Minha filha mais velha também deve ter sofrido essa sensação de abandono longe da mamãe dela!

Hoje em dia, minha coluna dói muito onde foi aplicada a anestesia. Não me contaram que isso aconteceria, nem nos relatos de parto que li. Posso sentir quando o tempo está esfriando, pois é uma dor insuportável! Até mesmo quando estou sentada, se levanto os pés, já sinto como se fosse um puxão. Me livrei de 10 minutos de dor, para sentir dor por meses, que negócio da China hein...

Depois disso tudo, afirmo que meu próximo parto será, dentro das possibilidades REAIS, o mais natural possível! Não vou permitir que me façam nada sem necessidade e sem me pedir! Se eu quiser, vou gritar, vou andar, vou parir em uma posição favorável, vou ter gente do meu lado me apoiando, vou me aliviar, vou comer se quiser, vou ler, tomar quantos banhos eu achar que devo... Enfim, vou estar NO CONTROLE da situação, da MINHA situação, do MEU CORPO, e da minha mente. Meu bebê não vai sair de perto de mim de maneira alguma!

Foi sofrendo que eu aprendi o que deveria nascer sabendo: Meu parto sou eu quem faço, com ajuda dos outros, e é muito raro a natureza falhar! Sou mamífera, forte, sona de mim e muito decidida sobre como colocar meus filhos ao mundo!


domingo, 11 de agosto de 2013

Me dedicar exclusivamente aos filhos, ou trabalhar fora também? Eis a questão...

Já me peguei, inúmeras vezes, pensando se seria melhor eu ficar em casa somente, cuidando dos meus filhos e do lar, ou se seria mais interessante eu trabalhar fora, para aumentar minha renda, e poder dar o melhor a eles, em questão de bens materiais.
Felizmente, eu tenho essa escolha, porém, nem todas tem.

CURSO DE ENFERMAGEM:

Desde que a Sabrina nasceu, eu nunca pude realmente me dedicar ao meu lado profissional, pois desejei cuidar dela até que tivesse uma idade em que entendesse minha ausência, e não sofresse com isso.
Assim que ela tinha 3 aninhos (e ainda não era capaz de entender completamente o motivo das minhas ausências para ir para o curso), nasceu o Bernardo.
Quis fazer o mesmo por ele, mas minha situação financeira nunca foi das melhores, então, decidi continuar o curso que estava trancado, para ter uma profissão e poder bancar meus filhos sem ajuda de pensão nenhuma, se necessário fosse.
Quando ele tinha pouco menos de 2 anos, fui concluir meu curso, e consegui me sair bem, porém, só concluí o auxiliar de enfermagem, o técnico eu parei no 4º e último semestre, pois estava cada dia mais difícil chegar nos estágios, que tanto poderiam ser no bairro vizinho, como do outro lado da cidade.

EMPREGO DE TELEATENDIMENTO:

Assim que parei de fazer o curso, procurei emprego na área de enfermagem, mas como demorou mais de um mês e ainda não tinha conseguido nada, decidi partir para o teleatendimento, pois é muito rápido conseguir uma vaga nessa área, apesar do salário ser baixo.
Trabalhei, de segunda à sábado, só tinha os domingos livres para os meus filhos. Mas tinha um pequeno detalhe: era chegar domingo, que eu estava tão cansada, que só tinha vontade de dormir e ficar em casa.
Meus filhos ficavam a tarde toda sem me ver. Nos víamos um pouco na parte da manhã, na maior correria, e a noite, quando eu chegava cansada e eles já estavam chatinhos de sono.
Eles, por serem novos demais, não entendiam que a mamãe estava só o pó, querendo dormir e "morrer" até o dia seguinte. Eles queriam atenção! Nisso, me seguravam acordada até tarde, eu cochilando pelos cantos, meus filhos querendo chamar atenção, um mais do que o outro. Quando eu tinha sorte, o Bernardo estava dormindo quando eu chegava, mas a Sabrina sempre me esperava. Eu estava um caco, e eles também.
Quando eles cresceram mais um pouco, tentei novamente, e aconteceu a mesma coisa.

PARANDO PRA PENSAR:

Quando eu não trabalhava, tinha tempo e disposição de sobra para passear, brincar e cuidar dos meus filhos, dando a eles a educação que eu desejava. Porém, dependendo do lugar que eles queriam ir, não tinha dinheiro.
Quando trabalhava, tinha dinheiro para muitas coisas (normalmente, sou muito organizada com as finanças), mas não tinha tempo nem disposição para passear com eles, nem para cuidar, educar, ou fazer as mínimas obrigações do dia-a-dia de uma criança, como, ter de obrigar a tomar banho ou escovar dentes.
Então, diante de como se encontrava minha vida naquele momento, tive de rever minhas prioridades.
Será que eu queria mesmo não ver direito meus filhos crescerem?
Será que eu gostaria que eles não fossem educados por mim?
Será que, ganhar o que eu ganhava (pouco mais de um salário mínimo) ou todo e qualquer dinheiro do mundo, me deixaria realizada tanto quanto eu seria se pudesse somente cuidar deles?
Será que era tão importante assim, ter dinheiro, mesmo que eles precisassem de coisas materiais?
Decidi abrir mão disso tudo! Adeus cansaço, noites mal dormidas, crianças carentes me esperando, domingos de sono infinito, lição de casa atrasada, e toda essa bagunça na minha vida! Realmente, existem coisas que o dinheiro não compra!!!
Abrir mão do emprego foi libertador! E quando tentei outra vez, e abri mão novamente, foi libertador pela segunda vez!
Eu escolhi investir em outra coisa, algo que realmente mudasse minha situação financeira, que me desse um futuro, para que eu pudesse proporcionar o que meus filhos necessitam, e ainda ter tempo para eles.
E foi assim que comecei a faculdade de pedagogia.

FACULDADE DE PEDAGOGIA:

Quando consegui uma bolsa de estudos para o curso superior, fiquei mega feliz!
Escolhi o período da manhã, mesmo sabendo da minha imensa dificuldade em acordar cedo.
Fiz o primeiro semestre sem pensar em desistir, estava gostando muito!
Minhas notas não poderiam ser melhores! Mas, melhor do que ter boas notas e receber reconhecimento dos professores e colegas de classe, era não estar esgotada e ter a tarde toda, assim como finais de semana, livres para meus filhos.
Mas, como tudo que é bom dura pouco, a partir do segundo semestre, eu teria de fazer o curso de manhã, o estágio remunerado (que me dava direito a bolsa e mais 200 reais mensais) a tarde, e o estágio obrigatório  precisaria ser feito quando eu pudesse.
Tentei pensar em algo para solucionar meus problemas, mas não tive ideia nenhuma, só pensava no quanto precisaria abandonar meus filhos novamente.
Então, decidi trancar o curso, para depois fazer o ENEM e tentar uma bolsa integral, que não precisasse passar tanto tempo longe dos meus filhos.

A DECISÃO DE IR MORAR COM O NAMORADO:

Meu namoro estava dando certo, tanto que ele queria um bebê. Eu não topei por causa da faculdade, pois sabia que não daria conta de tudo ao mesmo tempo.
Ele alugou um apartamento para nós, mas ficava mesmo era na minha casa, comigo, o tempo todo.
Então, já que eu ia cuidar dos meus filhos, tinha um homem com quem eu queria estar junto o tempo todo para dividir minha vida e minha família, e já estava na hora de sair da casa da mãe, decidi topar de ir morar com ele!
Eu não sabia cuidar de uma casa, e dar conta sozinha dos meus filhos na maior parte do dia, mas fui com a cara e a coragem, enfrentar a vida como ela realmente é.
Aprendi serviços domésticos, rotina, até aprendi a fazer arroz e feijão, coisa que não sabia porque nunca havia tido necessidade. Foi meu marido quem me ensinou!!! =D
Apesar de ,antes, odiar serviços domésticos, me descobri feliz quando via o resultado do meu trabalho em casa, e quando percebi que era muito mais fácil criar meus filhos do meu jeito longe dos palpites alheios, mesmo que fossem da minha família que me ajudava, mas diante de tantas opiniões, as crianças estavam confusas sobre o que era certo ou errado, e acabavam tendo um comportamento ruim.
Depois de um tempo morando com meu namorado, agora marido, descobri que estava grávida quando tomei essa decisão, e nem sabia. Infelizmente tive problemas na minha gestação e ela não foi adiante, perdi o bebê.

A GRAVIDEZ DA MELISSA E COMO SERIA TER TRÊS FILHOS:

Se antes eu ainda estava tentando arrumar um jeito de investir no meu futuro sem precisar abrir mão de criar meus filhos, depois que me descobri grávida novamente, é que soube que teria de adiar ainda mais!
Pra dizer a verdade, pensei nisso somente depois de muito tempo, pois não levei como um fato real o nascimento da Mel, ainda mais depois de começar a ter sangramento, tive certeza de que perderia outra vez.
Quando a gravidez foi adiante, fiquei muito feliz, e em momento nenhum, me arrependi de não ter me prevenido, pois as minhas perdas me deixaram com um vazio imenso, parecia que me faltava algo ainda, como se eu tivesse de ter mais um filho para me completar. Eu planejei engravidar depois de um tempo, até conseguirmos todas as coisas que queríamos, mas engravidei antes disso, e precisei pensar muito no que fazer.
Quando a Mel nasceu, a rotina ficou muito complicada. Meus filhos mais velhos acabaram faltando muito na escola, pois acabei perdendo a hora devido ao cansaço excessivo, ao sono causado pelas noites em claro com um recém nascido aos prantos, e aos compromissos com vacinas, pediatra, psicóloga do Bernardo, e inúmeras outras coisas que eu preciso fazer, e meus filhos precisam ir comigo, pois não tenho quem fique na minha casa para cuidar deles.

MINHA CONCLUSÃO FINAL:

Percebi que o que faço me deixa realizada nesse momento da minha vida! Cuidar da minha casa e dos meus filhos, por mais que não me traga um salário, me faz sentir útil, importante, e sim, esses serviços são importantes, precisam ser feitos por alguém, e independente de quem vai faze-los, precisam ser encarados com toda a importância que tem. Pessoas trabalham fora cuidando de bens de outros, e por mais que esse serviço lhes traga o salário que garante o sustento familiar, não pode ser mais importante do que o serviço de cuidados ao bem mais precioso, que é a família! Então, ambos são importantes, não se deve menosprezar nenhum!
Eu não quero ser reconhecida somente por pessoas de fora, como uma boa profissional. Quero ser reconhecida por todo o meu esforço para que a família funcione. Quero ser reconhecida no futuro como uma boa mãe, quando eu puder ver os bons frutos sendo colhidos, frutos esses que foram, durante uma vida, sendo plantados, regados e cuidados. Quero ser reconhecida por ter sido uma boa esposa, que esteve ao lado do marido nos piores e melhores momentos, e que fez o seu papel para ajuda-lo a evoluir, afinal, se as pessoas não precisassem da ajuda das outras, poderiam se isolar do mundo. Não quero e nem nunca pretendi ser a típica "esposinha perfeita" que lambe o chão que o marido pisa, não sou de me anular, isso nunca vai acontecer, só quero companheirismo, que ele seja um bom marido e eu, uma boa esposa!
Quando eu puder investir na minha vida profissional, quero poder fazer algo que me dê a mesma satisfação que a maternidade me proporciona. Claro que preciso pensar no lado financeiro, afinal, se for para trabalhar somente por amor, continuo fazendo o que faço no momento, que é cuidar da minha família. Então, obviamente, quero ganhar bem o suficiente para ter uma vida confortável.
Precisar dar conta de trabalhar dentro de casa, fora de casa, e ainda sobrar um tempo para cuidar de mim e estar sempre disposta, era um peso que eu tirei das minhas costas, e foi libertador para mim! Não preciso fazer tudo sozinha! Sim, a vida me ensinou que eu deveria me virar em mil, mas vou contra isso, e assim que eu achar que é minha hora de investir no profissional, as tarefas vão ser reorganizadas, para que ninguém fique sobrecarregado.
Embora eu não esteja cumprindo totalmente minhas obrigações em casa, pois minha pequena tem apenas 4 meses, e não me deixa muito tempo livre, eu faço meu melhor e está tudo indo muito bem! Uma boa parte da responsabilidade de estar tudo funcionando, é minha, e isso me realiza! Essa é minha missão por enquanto, e sou feliz por estar cumprindo!
Estar em casa e cuidar dos interesses da família não diminui a pessoa, de forma alguma! É uma tarefa que precisa ser feita, e se eu decidi fazer, que seja prazeroso!
Escolher ter uma família é assumir responsabilidades, é dividir deveres, e ter certeza de que cada membro está fazendo sua parte.
Não se pode sobrecarregar um membro da família com várias obrigações, por exemplo, tem famílias que a mulher precisa trabalhar fora, e quando chega em casa, precisa ainda fazer todo o serviço doméstico e cuidar dos filhos, sozinha, enquanto o marido acha que já fez sua obrigação e que serviço doméstico é "coisa de mulher".
A divisão de tarefas deve ser justa de acordo com a realidade da família!
Eu escolhi assumir a tarefa de cuidar dos meus filhos, educa-los, e cuidar do nosso lar, enquanto meu marido trabalha para trazer o dinheiro. Ele faz sua parte em casa, e as vezes faz até mais do que eu, pois meu dia não rende, e assim será por um tempo, até que a bebê cresça e entenda mais as coisas.
Me sinto bem em conseguir cumprir minha parte! Gosto do fato de meu marido também estar cumprindo a responsabilidade dele.
Sou a favor que as pessoas conversem muito sobre qual é a parte de cada um na família, e que decidam juntos o que é melhor para todos
Não sou a favor de pessoas que só pensam no bem estar financeiro e se esquecem de que filhos precisam de sua família, mais do que precisam do que ela pode lhes comprar. Pais precisam reavaliar sua rotina para saberem se o tempo que sobra é suficiente pra criar seus filhos. Talvez uma reorganização na rotina melhore a situação.
Nós, mulheres e mães, devemos pensar, e muito, se a independência financeira de ambos os pais vai valer a pena mesmo, em quais outras opções temos, e em tudo o que envolve nossos pequenos. Já não somos uma vida só, e por mais que o pai tenha boa vontade (ou não) em fazer sua parte, é a mãe que precisa estar com o pequeno por um certo tempo, pois a licença maternidade é para nós mães (sim, ela é vergonhosamente insuficiente), assim como a amamentação. Os pais, com uma licença paternidade de 5 míseros dias, acabam não tendo o tempo que a mãe tem pra criar vínculo com seu filho. Isso, aliado a má vontade em assumir a criação - o que não é raro de se ver - faz com que a situação, que é ruim, só piore. Isso tudo supondo que o pai seja fisicamente presente, porque em significante número de casos, ele não é, e a mulher precisa pensar em tudo sozinha!
Sou super a favor de pais que assumem a criação dos filhos de igual pra igual, acho que é certo e justo, mas cá pra nós, isso não é uma realidade na maioria das vezes. Não precisa ser assim, nem deve, mas infelizmente a verdade é que isso é raro, e que muita mulher ainda não está pronta para exigir que os pais de seus filhos façam suas obrigações.
Eu, como mãe de 3 filhos, sendo que cada um é de um pai, não tenho esse apoio todo na criação, e seria inviável. Precisei mesmo pensar como uma mulher sozinha, e bolar uma forma de criar minhas crianças sem poder contar com o pai deles no cotidiano. Sei que, se todos fossem do mesmo pai, se essa pessoa fosse o meu marido, quem vive comigo e está sempre presente, tudo seria mais fácil, mas não é assim. Minha realidade não é essa, e de muitas mulheres também não. Precisamos nos libertar de preconceitos para pensarmos melhor em como criar os filhos desses vários tipos de relacionamentos. 
Não tem essa de mãe solteira mãe separada, mãe isso ou aquilo. Esqueça os adjetivos, pois mãe é sempre mãe. Julgamentos não vão ajuda-la a resolver a situação. E criar pequenos cidadãos não é tarefa fácil!



quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Três filhos... De três pais diferentes...

Em uma conversa com uma amiga, ela me disse que contou para sua mãe que nenhum dos meus três filhos era do mesmo pai, e a mãe reagiu com uma certa repulsa em relação a isso, mesmo sem nem conhecer minha história.
Até então, não é a primeira vez que acontece, mas não tenho raiva, pois, antes de acontecer comigo, eu também julgaria, olharia torto e pensaria se a pessoa não tem vergonha.
Como dizia minha avó: "pimenta no olho dos outros é refresco" (ela não falava "olho", mas eu não vou dizer aqui o que ela falava kkkkk enfim...).
Então, vou contar um pouco como foi minha vida, pois acredito que há muitas mulheres por aí com uma história parecida.

Quando tinha 17 anos, conheci o pai da minha filha. Namoramos por um ano, e eu estava indo no ginecologista devido a vários problemas, como, por exemplo, a cólica absurda que eu sentia e nunca conseguia me livrar. 
Depois de uma ultrassonografia, a médica disse que eu tinha ovários policísticos, e que precisaria tomar anticoncepcional para que os cistos regredissem até sumir. Além disso, ela disse também que eu teria dificuldade para engravidar, e teria de fazer tratamento quando quisesse, mas talvez nunca conseguisse. Fiquei muito triste, mas decidi não me preocupar antes da hora, pois, quando se quer ser mãe, se consegue, de um jeito ou de outro!
Nessa época, meu pai era quem pagava plano de saúde para mim, então, pedi a ele os remédios. A médica me forneceu uma caixa de amostra grátis que dava para um mês, e ele comprou mais uma caixinha para o próximo mês.
Depois de me dar a caixinha, ele disse que "não acreditava que era anticoncepcional para tratamento", que "era pra eu ficar fazendo safadeza", então "meu namorado que bancasse isso dali em diante".
Por mais que eu tivesse namorando há um ano, não sentia intimidade o suficiente para pedir algo a ele todo mês, e ainda mais algo caro!
Então eu, que até então nunca havia descuidado da prevenção na hora do sexo, não me preocupei mais com isso, pois não era um desconhecido, era um namorado, e eu não engravidaria assim tão fácil. E já que eu não poderia usar o anticoncepcional naquele momento, pois não tinha quem me comprasse, decidi abandonar o tratamento e recomeçar quando pudesse.
Mal se passou um mês desde que eu tinha parado, percebi que minha menstruação falhou.
Juro que pensei em todas as possibilidades, menos em gravidez! Uma amiga na época me convenceu a ir no posto fazer o teste de urina, só pra ver no que ia dar, e eu fui toda confiante que não era gravidez, mas apavorada com a possibilidade de ter acontecido um problema maior pelo fato de eu ter abandonado o tratamento.
Entrei confiante que era negativo, saí com um belo positivo na mão, em prantos, morrendo de medo da reação da minha família, principalmente do meu pai. Lá estava eu, totalmente perdida, grávida aos 18...
Durante a gravidez, talvez por causa dos hormônios, talvez por causa da falta de maturidade do pai dela para lidar com uma situação tão "de adulto", nosso relacionamento foi decaindo, até que ele quase me traiu durante a gravidez (embora eu considere traição, pois ele procurou a pessoa e foi porque quis, mas até hoje eu não sei até que ponto ele chegou).
Ele confessou, chorou e pediu perdão. Eu até deixei a "quase traição" de lado, mas a cada coisa errada que ele fazia, a cada atraso, ou passeio que ele fazia sem mim, já imaginava que estava sendo traída, e ficava pintando a cena na minha cabeça. Mais uma frase da minha sábia vovó: "Mente vazia é a oficina do diabo". Era exatamente assim que funcionava, ele saía, se divertia, tocava em bandas de rock, enquanto eu ficava em casa cuidando da nossa filha, com bastante tempo vago pra imaginar coisas.
Depois disso, ele arrumou uma amiga, que eu até conhecia, mas odiava o modo como ele a tratava, como ele colocava o capacete nela quando ia leva-la embora (coisa que ele não fazia comigo), e principalmente quando soube que ela dormiu na casa dele, os dois sozinhos. Lembram da pulga atrás da orelha por causa da "quase traição"??? Pois é, nessa época ela saltou tanto, que eu quase enlouqueci!
Comecei a fazer curso de enfermagem quando a Sabrina tinha quase 2 aninhos, e conheci muitas pessoas, inclusive outros rapazes, porém, não traí o meu relacionamento, por pior que estivesse pra mim.
Um desses rapazes começou a me tratar muito bem. Eu sempre soube das intenções dele, falando em português bem claro, era um "galinha", não queria nada sério com ninguém, mas o modo que ele me tratava, sempre tão prestativo, cavalheiro, gentil, amoroso, me fez repensar meu relacionamento. Afinal, não era assim que o meu namorado deveria me tratar?
Então, depois de muito pensar, terminei com ele, e foi libertador! Sinceramente, acredito que ele sentiu o mesmo! Daí ele poderia sair com outras mulheres, ter amigas para levar pra casa e dormirem juntos, tocar em todas as bandas que quisesse e ir pra onde bem entendesse, sem precisar dar satisfação a ninguém!

Depois disso, eu imaginei que conheceria alguém muito especial um dia, e que essa pessoa só poderia me amar muito, afinal, não é qualquer um que aceita uma mulher com um bebê de outro cara. E foi aí que conheci o pai do meu filho.
Ele se mostrou apaixonado desde o primeiro dia que conversamos, mas eu não estava interessada em um relacionamento, pelo menos não tão cedo.
Nessa época, eu deixava minha filha algumas vezes com minha mãe para ir na casa de umas colegas, beber um pouco, ouvir música, e sairmos juntas. Na casa de uma dessas pessoas, eu o conheci.
Essa colega achava ele lindo, assim como a maioria das meninas que o conheciam. Pra ser bem sincera, não achei que fizesse meu tipo. 
Depois de algum tempo, ele veio atrás de mim, inclusive na minha casa, então resolvi dar uma chance. Pensando que deveria gostar de quem gostasse de mim, e que ele era muito especial por me querer, mesmo com uma filha, passamos a namorar.
No começo, ele era a pessoa mais legal do mundo, até que rolou a primeira agressão física. Aquilo me apavorou! Mas por pura inexperiência no assunto, decidi acreditar quando ele me prometeu que mudaria, que aquilo jamais aconteceria novamente.
Depois disso, ele começou a me falar que queria ter um filho, que tinha o sonho de ser pai. Eu não queria outro filho naquele momento, minha filha ainda era muito novinha, e eu morava na casa da minha família! Minha mãe aceitou a primeira numa boa, mas não seria assim com o segundo.
Não sei como explicar, mas o pai do meu filho consegue tudo o que quer, não por ele falar com jeitinho, mas sim, por ser aquele tipo de pessoa que atormenta tanto, que enlouquece a pessoa até conseguir. E foi assim que ele conseguiu me convencer a engravidar.
Quando peguei o positivo nas mãos, chorei, e ele sorria. Brigamos nesse mesmo dia por causa da minha atitude, e muitas e muitas outras vezes depois. Nesse ponto, eu já estava convencida que agressão física e verbal em relacionamentos era normal, e passei a resolver meus problemas com ele, também, dessa forma.
Pouco depois que a barriga começou a crescer, ele prometeu que não ia mais me agredir, e mais uma vez eu acreditei. Depois que meu filho nasceu, ele até cumpriu com a palavra. 
Ele era um pai maravilhoso! Sabe aqueles pais que vão em todas as consultas e em todos os ultrassons? Sabe aquele pai que assiste o parto, que dá banho, troca fralda, faz dormir, e não deixa faltar um nada pro bebê? Ele foi esse tipo de pai! 
Durante um tempo, não posso negar que fui muito feliz com ele, apesar das discussões... Mas isso durou pouco tempo.
Logo ele começou a andar com pessoas que bebiam demais, coisa que ele não fazia, mas passou a fazer. Seus maiores gastos passaram a ser com bebida, e o filho foi ficando em segundo plano. Parecia que comprar cerveja era mais importante, e que as fraldas poderiam esperar.
O relacionamento passou a ficar ruim, e eu comecei a ter nojo do cheiro de cerveja que saía da boca dele quando conversávamos. Tentei muito permanecer com ele mesmo assim, tentei me convencer que não tinha nada demais um homem beber com os amigos, porém, minha razão dizia que aquilo estava ficando insuportável, pois era quase todos os dias!
Um dia, depois de beber muito, ele chegou na minha casa (estava dormindo lá, pois sua família o havia expulsado) e deu um tapa muito forte no meu filho, que estava fazendo birra para não dormir. Eu fiquei louca na hora e fui pra cima dele, para bater mesmo, e a confusão ficou tão grande, que a família toda se envolveu e os vizinhos chamaram a polícia.
Depois disso, expulso da minha casa também, ele alugou um quarto, e me pediu mais uma chance, e perdão por ter batido no menino. Eu não o perdoei, aliás, eu nunca o perdoei por nada, só fui deixando as coisas acontecerem, e decidi dar uma chance, mesmo sabendo que o que sentia por ele estava por um fio.
É claro que ele não melhorou, era passar uma semana e ele estava igual. Eu estava procurando a oportunidade certa para terminar com ele, sem que ele me ameaçasse ou me dissesse que eu estava errada, eu queria sair daquilo e esquecer de tudo, simples assim. 
Nessa época, eu só era feliz nas poucas horas em que ele estava longe; quando estava com meus filhos, conversando com minha família, ou interagindo com pessoas na internet.
Lembro que era janeiro, e teve show da banda "Metallica", e eu queria ir, mas não tinha dinheiro. No Orkut, que era a rede social mais movimentada da época, tinha a comunidade da banda, e eu passei a frequentar devido a empolgação dos shows, que era o assunto do momento.
Nessa comunidade, conheci pessoas, e viramos um grupo fechado de amigos. Entre essas pessoas, estava meu marido.
De um bate papo em grupo, comecei a falar com ele individualmente, e muitas vezes me peguei ansiosa esperando por esse momento. Conversávamos com a WebCam ligada, e eu fui me apaixonando. 
Meu relacionamento estava um lixo, meus filhos também não estavam felizes com os acontecimentos recentes, então, tive um suspiro, uma força, que me fez tomar coragem para terminar. Eu ainda não tinha certeza se conheceria o Guto, nem se ficaríamos juntos, afinal, eu já tinha dois filhos, um de cada pai, e ele não tinha nenhum, mas uma coisa que eu sabia era que eu não queria mais ficar naquela situação triste na qual me encontrava.
No primeiro motivo bobo terminei, por telefone, mas ele não levou a sério. Eu já estava apaixonada e fui atrás de quem eu amava, e ficamos juntos!
Depois de tantos problemas que ele causou, quando percebeu que não era brincadeira, depois de tantas ligações ameaçadoras, perseguições, agressões, eu vim a descobrir que estava grávida. 
Torci muito para que meu corpo tivesse se desregulado devido ao grande estresse que eu passava naquela época, mas algo dentro de mim dizia que o filho era do meu ex. Quando fiz ultrassom, para a minha decepção, descobri que meus instintos não falharam, nem o meu corpo. Devido ao tempo de gestação eu soube: meu ex era o pai.
Me vi no inferno! Em um caminho sem volta, onde meu fim seria uma morte próxima e certeira! Tive certeza que meu ex não me deixaria sair disso tudo viva, ele vivia me ameaçando sem nem saber que eu esperava um filho dele, imagina quando soubesse!
Além de rejeitar a gravidez, eu me entristeci de uma tal maneira, que só saía da cama para ver meu namorado, ficar um pouco com meus filhos, beber e tomar antidepressivo por conta própria. Quase sempre estava tão "grogue" que nem me lembrava de tanto problema. 
Quando voltava à realidade, ela estava me esperando ainda ali, dura e cruel, e tudo se acumulando, pois ao invés de resolver as coisas, eu ficava tentando me esquecer delas.
Pensei em aborto, mas não sabia como proceder. Quando passei de um mês de gestação, não tive mais coragem de matar meu filho, passei a enxerga-lo como meu bebê, o que ele sempre foi e sempre será, e decidi que, se fosse necessário, enfrentaria o mundo por ele!
Comecei a ter sangramento vaginal, constantemente. Fui em tudo quanto é pronto socorro, mas só me receitavam remédio para cólicas. Quando fui na consulta pré natal, o médico me receitou um anti abortivo, e o enfermeiro tinha me recomendado, pouco antes, não passar nenhum tipo de estresse.
Parei de tomar remédios por conta própria, de beber, e passei a repousar muito. Meu ex já sabia que era o pai (em uma última tentativa de salvar a mim mesma e ao meu bebê, falei a verdade, para que ele nos poupasse) mas ele não se importou em continuar me atormentando. Ele ligava, se eu não atendesse, ele ia pessoalmente fazer escândalo na minha casa.
Meu corpo não aguentou segurar meu bebê dentro de mim com tanto nervoso, e eu perdi meu menininho. Foi uma das coisas mais tristes que já me aconteceram!
Depois de muito me atormentar, meu ex desistiu, e foi viver a vida dele, com outras mulheres, assim eu pude viver a minha e ser feliz no meu novo relacionamento, com meus filhos.

Tempos depois, decidi morar com meu namorado. Estava grávida e não sabia. Outra vez passei pela dor de perder um bebê, e decidi que queria muito ter mais um filho para amenizar as duas últimas perdas. Era como se fosse meu destino ser mãe de mais uma criança! Decidi que logo teria outro bebê, mas não era para ser tão logo assim!!!! KKKKK
Engravidei da Melissa 3 meses depois de ter perdido um bebê, mesmo com a recomendação médica para engravidar somente depois de 6 meses, mas não foi de propósito.
Passei por muita coisa, como sangramentos, estresse, mas me cuidei demais, tomei remédio para não perder minha filha, e consegui coloca-la no mundo, muito saudável!

Conclusão: Quando terminei com o pai da minha primeira filha, fiquei com receio de me envolver com outra pessoa e ter outro filho, mas queria que acontecesse um dia, com a pessoa certa, com quem eu teria mais filhos e seria muito feliz (sim, eu era muito ingênua quanto a vida). 
Quando terminei com o pai do meu filho, e grávida de outro, pensei que nunca mais teria filhos com ninguém, pois já estava envolvida com uma terceira pessoa, que não era o pai de nenhum dos meus filhos.
Um dia, folheando uma revista, vi uma mulher famosa que tinha 3 filhos, um de cada pai. Ela estava muito feliz. Pensei, então, que não queria limitar minha vida por medo do que os outros poderiam dizer! Meus relacionamentos deram errado, mas eu tentei muito, não tive culpa nenhuma por não ter dado certo. 
Decidi que, da minha vida cuido eu! E se meu relacionamento com o pai da minha bebê não der certo, eu vou terminar, sem medo de ser feliz! Não é porque ele é pai da minha terceira filha que vou me manter em algo que não tem futuro. E se um dia eu conhecer alguém muito especial e decidir ter um quarto filho com um quarto pai diferente, eu terei! Sou feliz com meus filhos, e tanto faz quem é o pai, o que importa é que EU SOU A MÃE!
Sei lidar com a ausência paterna na vida dos meus filhos, pois meu menino mal vê o pai. Sempre tive de fazer o meu papel de mãe, assim como o papel de pai.
Se eu chegar no fim da minha vida, e tiver 10 filhos, de 10 pais diferentes, vou morrer feliz, pois sei que fui a melhor mãe que poderia ter sido para todos eles!