domingo, 11 de agosto de 2013

Me dedicar exclusivamente aos filhos, ou trabalhar fora também? Eis a questão...

Já me peguei, inúmeras vezes, pensando se seria melhor eu ficar em casa somente, cuidando dos meus filhos e do lar, ou se seria mais interessante eu trabalhar fora, para aumentar minha renda, e poder dar o melhor a eles, em questão de bens materiais.
Felizmente, eu tenho essa escolha, porém, nem todas tem.

CURSO DE ENFERMAGEM:

Desde que a Sabrina nasceu, eu nunca pude realmente me dedicar ao meu lado profissional, pois desejei cuidar dela até que tivesse uma idade em que entendesse minha ausência, e não sofresse com isso.
Assim que ela tinha 3 aninhos (e ainda não era capaz de entender completamente o motivo das minhas ausências para ir para o curso), nasceu o Bernardo.
Quis fazer o mesmo por ele, mas minha situação financeira nunca foi das melhores, então, decidi continuar o curso que estava trancado, para ter uma profissão e poder bancar meus filhos sem ajuda de pensão nenhuma, se necessário fosse.
Quando ele tinha pouco menos de 2 anos, fui concluir meu curso, e consegui me sair bem, porém, só concluí o auxiliar de enfermagem, o técnico eu parei no 4º e último semestre, pois estava cada dia mais difícil chegar nos estágios, que tanto poderiam ser no bairro vizinho, como do outro lado da cidade.

EMPREGO DE TELEATENDIMENTO:

Assim que parei de fazer o curso, procurei emprego na área de enfermagem, mas como demorou mais de um mês e ainda não tinha conseguido nada, decidi partir para o teleatendimento, pois é muito rápido conseguir uma vaga nessa área, apesar do salário ser baixo.
Trabalhei, de segunda à sábado, só tinha os domingos livres para os meus filhos. Mas tinha um pequeno detalhe: era chegar domingo, que eu estava tão cansada, que só tinha vontade de dormir e ficar em casa.
Meus filhos ficavam a tarde toda sem me ver. Nos víamos um pouco na parte da manhã, na maior correria, e a noite, quando eu chegava cansada e eles já estavam chatinhos de sono.
Eles, por serem novos demais, não entendiam que a mamãe estava só o pó, querendo dormir e "morrer" até o dia seguinte. Eles queriam atenção! Nisso, me seguravam acordada até tarde, eu cochilando pelos cantos, meus filhos querendo chamar atenção, um mais do que o outro. Quando eu tinha sorte, o Bernardo estava dormindo quando eu chegava, mas a Sabrina sempre me esperava. Eu estava um caco, e eles também.
Quando eles cresceram mais um pouco, tentei novamente, e aconteceu a mesma coisa.

PARANDO PRA PENSAR:

Quando eu não trabalhava, tinha tempo e disposição de sobra para passear, brincar e cuidar dos meus filhos, dando a eles a educação que eu desejava. Porém, dependendo do lugar que eles queriam ir, não tinha dinheiro.
Quando trabalhava, tinha dinheiro para muitas coisas (normalmente, sou muito organizada com as finanças), mas não tinha tempo nem disposição para passear com eles, nem para cuidar, educar, ou fazer as mínimas obrigações do dia-a-dia de uma criança, como, ter de obrigar a tomar banho ou escovar dentes.
Então, diante de como se encontrava minha vida naquele momento, tive de rever minhas prioridades.
Será que eu queria mesmo não ver direito meus filhos crescerem?
Será que eu gostaria que eles não fossem educados por mim?
Será que, ganhar o que eu ganhava (pouco mais de um salário mínimo) ou todo e qualquer dinheiro do mundo, me deixaria realizada tanto quanto eu seria se pudesse somente cuidar deles?
Será que era tão importante assim, ter dinheiro, mesmo que eles precisassem de coisas materiais?
Decidi abrir mão disso tudo! Adeus cansaço, noites mal dormidas, crianças carentes me esperando, domingos de sono infinito, lição de casa atrasada, e toda essa bagunça na minha vida! Realmente, existem coisas que o dinheiro não compra!!!
Abrir mão do emprego foi libertador! E quando tentei outra vez, e abri mão novamente, foi libertador pela segunda vez!
Eu escolhi investir em outra coisa, algo que realmente mudasse minha situação financeira, que me desse um futuro, para que eu pudesse proporcionar o que meus filhos necessitam, e ainda ter tempo para eles.
E foi assim que comecei a faculdade de pedagogia.

FACULDADE DE PEDAGOGIA:

Quando consegui uma bolsa de estudos para o curso superior, fiquei mega feliz!
Escolhi o período da manhã, mesmo sabendo da minha imensa dificuldade em acordar cedo.
Fiz o primeiro semestre sem pensar em desistir, estava gostando muito!
Minhas notas não poderiam ser melhores! Mas, melhor do que ter boas notas e receber reconhecimento dos professores e colegas de classe, era não estar esgotada e ter a tarde toda, assim como finais de semana, livres para meus filhos.
Mas, como tudo que é bom dura pouco, a partir do segundo semestre, eu teria de fazer o curso de manhã, o estágio remunerado (que me dava direito a bolsa e mais 200 reais mensais) a tarde, e o estágio obrigatório  precisaria ser feito quando eu pudesse.
Tentei pensar em algo para solucionar meus problemas, mas não tive ideia nenhuma, só pensava no quanto precisaria abandonar meus filhos novamente.
Então, decidi trancar o curso, para depois fazer o ENEM e tentar uma bolsa integral, que não precisasse passar tanto tempo longe dos meus filhos.

A DECISÃO DE IR MORAR COM O NAMORADO:

Meu namoro estava dando certo, tanto que ele queria um bebê. Eu não topei por causa da faculdade, pois sabia que não daria conta de tudo ao mesmo tempo.
Ele alugou um apartamento para nós, mas ficava mesmo era na minha casa, comigo, o tempo todo.
Então, já que eu ia cuidar dos meus filhos, tinha um homem com quem eu queria estar junto o tempo todo para dividir minha vida e minha família, e já estava na hora de sair da casa da mãe, decidi topar de ir morar com ele!
Eu não sabia cuidar de uma casa, e dar conta sozinha dos meus filhos na maior parte do dia, mas fui com a cara e a coragem, enfrentar a vida como ela realmente é.
Aprendi serviços domésticos, rotina, até aprendi a fazer arroz e feijão, coisa que não sabia porque nunca havia tido necessidade. Foi meu marido quem me ensinou!!! =D
Apesar de ,antes, odiar serviços domésticos, me descobri feliz quando via o resultado do meu trabalho em casa, e quando percebi que era muito mais fácil criar meus filhos do meu jeito longe dos palpites alheios, mesmo que fossem da minha família que me ajudava, mas diante de tantas opiniões, as crianças estavam confusas sobre o que era certo ou errado, e acabavam tendo um comportamento ruim.
Depois de um tempo morando com meu namorado, agora marido, descobri que estava grávida quando tomei essa decisão, e nem sabia. Infelizmente tive problemas na minha gestação e ela não foi adiante, perdi o bebê.

A GRAVIDEZ DA MELISSA E COMO SERIA TER TRÊS FILHOS:

Se antes eu ainda estava tentando arrumar um jeito de investir no meu futuro sem precisar abrir mão de criar meus filhos, depois que me descobri grávida novamente, é que soube que teria de adiar ainda mais!
Pra dizer a verdade, pensei nisso somente depois de muito tempo, pois não levei como um fato real o nascimento da Mel, ainda mais depois de começar a ter sangramento, tive certeza de que perderia outra vez.
Quando a gravidez foi adiante, fiquei muito feliz, e em momento nenhum, me arrependi de não ter me prevenido, pois as minhas perdas me deixaram com um vazio imenso, parecia que me faltava algo ainda, como se eu tivesse de ter mais um filho para me completar. Eu planejei engravidar depois de um tempo, até conseguirmos todas as coisas que queríamos, mas engravidei antes disso, e precisei pensar muito no que fazer.
Quando a Mel nasceu, a rotina ficou muito complicada. Meus filhos mais velhos acabaram faltando muito na escola, pois acabei perdendo a hora devido ao cansaço excessivo, ao sono causado pelas noites em claro com um recém nascido aos prantos, e aos compromissos com vacinas, pediatra, psicóloga do Bernardo, e inúmeras outras coisas que eu preciso fazer, e meus filhos precisam ir comigo, pois não tenho quem fique na minha casa para cuidar deles.

MINHA CONCLUSÃO FINAL:

Percebi que o que faço me deixa realizada nesse momento da minha vida! Cuidar da minha casa e dos meus filhos, por mais que não me traga um salário, me faz sentir útil, importante, e sim, esses serviços são importantes, precisam ser feitos por alguém, e independente de quem vai faze-los, precisam ser encarados com toda a importância que tem. Pessoas trabalham fora cuidando de bens de outros, e por mais que esse serviço lhes traga o salário que garante o sustento familiar, não pode ser mais importante do que o serviço de cuidados ao bem mais precioso, que é a família! Então, ambos são importantes, não se deve menosprezar nenhum!
Eu não quero ser reconhecida somente por pessoas de fora, como uma boa profissional. Quero ser reconhecida por todo o meu esforço para que a família funcione. Quero ser reconhecida no futuro como uma boa mãe, quando eu puder ver os bons frutos sendo colhidos, frutos esses que foram, durante uma vida, sendo plantados, regados e cuidados. Quero ser reconhecida por ter sido uma boa esposa, que esteve ao lado do marido nos piores e melhores momentos, e que fez o seu papel para ajuda-lo a evoluir, afinal, se as pessoas não precisassem da ajuda das outras, poderiam se isolar do mundo. Não quero e nem nunca pretendi ser a típica "esposinha perfeita" que lambe o chão que o marido pisa, não sou de me anular, isso nunca vai acontecer, só quero companheirismo, que ele seja um bom marido e eu, uma boa esposa!
Quando eu puder investir na minha vida profissional, quero poder fazer algo que me dê a mesma satisfação que a maternidade me proporciona. Claro que preciso pensar no lado financeiro, afinal, se for para trabalhar somente por amor, continuo fazendo o que faço no momento, que é cuidar da minha família. Então, obviamente, quero ganhar bem o suficiente para ter uma vida confortável.
Precisar dar conta de trabalhar dentro de casa, fora de casa, e ainda sobrar um tempo para cuidar de mim e estar sempre disposta, era um peso que eu tirei das minhas costas, e foi libertador para mim! Não preciso fazer tudo sozinha! Sim, a vida me ensinou que eu deveria me virar em mil, mas vou contra isso, e assim que eu achar que é minha hora de investir no profissional, as tarefas vão ser reorganizadas, para que ninguém fique sobrecarregado.
Embora eu não esteja cumprindo totalmente minhas obrigações em casa, pois minha pequena tem apenas 4 meses, e não me deixa muito tempo livre, eu faço meu melhor e está tudo indo muito bem! Uma boa parte da responsabilidade de estar tudo funcionando, é minha, e isso me realiza! Essa é minha missão por enquanto, e sou feliz por estar cumprindo!
Estar em casa e cuidar dos interesses da família não diminui a pessoa, de forma alguma! É uma tarefa que precisa ser feita, e se eu decidi fazer, que seja prazeroso!
Escolher ter uma família é assumir responsabilidades, é dividir deveres, e ter certeza de que cada membro está fazendo sua parte.
Não se pode sobrecarregar um membro da família com várias obrigações, por exemplo, tem famílias que a mulher precisa trabalhar fora, e quando chega em casa, precisa ainda fazer todo o serviço doméstico e cuidar dos filhos, sozinha, enquanto o marido acha que já fez sua obrigação e que serviço doméstico é "coisa de mulher".
A divisão de tarefas deve ser justa de acordo com a realidade da família!
Eu escolhi assumir a tarefa de cuidar dos meus filhos, educa-los, e cuidar do nosso lar, enquanto meu marido trabalha para trazer o dinheiro. Ele faz sua parte em casa, e as vezes faz até mais do que eu, pois meu dia não rende, e assim será por um tempo, até que a bebê cresça e entenda mais as coisas.
Me sinto bem em conseguir cumprir minha parte! Gosto do fato de meu marido também estar cumprindo a responsabilidade dele.
Sou a favor que as pessoas conversem muito sobre qual é a parte de cada um na família, e que decidam juntos o que é melhor para todos
Não sou a favor de pessoas que só pensam no bem estar financeiro e se esquecem de que filhos precisam de sua família, mais do que precisam do que ela pode lhes comprar. Pais precisam reavaliar sua rotina para saberem se o tempo que sobra é suficiente pra criar seus filhos. Talvez uma reorganização na rotina melhore a situação.
Nós, mulheres e mães, devemos pensar, e muito, se a independência financeira de ambos os pais vai valer a pena mesmo, em quais outras opções temos, e em tudo o que envolve nossos pequenos. Já não somos uma vida só, e por mais que o pai tenha boa vontade (ou não) em fazer sua parte, é a mãe que precisa estar com o pequeno por um certo tempo, pois a licença maternidade é para nós mães (sim, ela é vergonhosamente insuficiente), assim como a amamentação. Os pais, com uma licença paternidade de 5 míseros dias, acabam não tendo o tempo que a mãe tem pra criar vínculo com seu filho. Isso, aliado a má vontade em assumir a criação - o que não é raro de se ver - faz com que a situação, que é ruim, só piore. Isso tudo supondo que o pai seja fisicamente presente, porque em significante número de casos, ele não é, e a mulher precisa pensar em tudo sozinha!
Sou super a favor de pais que assumem a criação dos filhos de igual pra igual, acho que é certo e justo, mas cá pra nós, isso não é uma realidade na maioria das vezes. Não precisa ser assim, nem deve, mas infelizmente a verdade é que isso é raro, e que muita mulher ainda não está pronta para exigir que os pais de seus filhos façam suas obrigações.
Eu, como mãe de 3 filhos, sendo que cada um é de um pai, não tenho esse apoio todo na criação, e seria inviável. Precisei mesmo pensar como uma mulher sozinha, e bolar uma forma de criar minhas crianças sem poder contar com o pai deles no cotidiano. Sei que, se todos fossem do mesmo pai, se essa pessoa fosse o meu marido, quem vive comigo e está sempre presente, tudo seria mais fácil, mas não é assim. Minha realidade não é essa, e de muitas mulheres também não. Precisamos nos libertar de preconceitos para pensarmos melhor em como criar os filhos desses vários tipos de relacionamentos. 
Não tem essa de mãe solteira mãe separada, mãe isso ou aquilo. Esqueça os adjetivos, pois mãe é sempre mãe. Julgamentos não vão ajuda-la a resolver a situação. E criar pequenos cidadãos não é tarefa fácil!



2 comentários:

  1. Agente precisa estar se sentindo bem em primeiro lugar. Eu parei na primeira gestação por dois anos e meio e agora de novo.

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  2. Com certeza! Temos sempre de estar nos sentindo bem!!! E tb sabendo que os filhos estão se sentindo bem!!! Beijo!

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