sexta-feira, 25 de abril de 2014

Horror de Vaginas??? Tati Bernardi e a Repulsa por Fotos de Parto Natural

Sou do tipo de pessoa que costuma ler tudo, até bula de remédio...
Um dia desses (não me recordo se foi ontem ou anteontem, coisas da maternidade, não lembrar direito os dias) percebi um certo reboliço na minha timeline do Facebook: Era Tati Bernardi pra cá, Tati Bernardi pra lá... A curiosidade foi tanta, que mesmo tendo entrado só pra ver os recados bem rapidinho - o que acaba sempre me levando uma ou duas horas - fui ler o tal texto que mexeu com os nervos de geral. Eis o texto.
Pensei: Se um texto começa dizendo que alguém não quer ver a minha "xota", boa coisa não pode sair.
Comecei a ler, e quase não chego ao final, tamanha a minha incredulidade! Como pode um texto assim ter sido escrito por uma mulher???
Bem, essa mulher só pode não ter filhos, não é possível!
Aliás, ela só pode não ter vagina!
É verdade mesmo que ela é roteirista, tem sei lá quantos livros publicados, e blablabla??? 
Como pode alguém com esse currículo, escrever isso???

Bem, fico feliz quando ela diz que respeita quem escolhe parir, mas é uma baita contradição dizer que cada uma é dona de si, e criticar quem posta fotos de seu parto no Facebook. Se a mulher é dona de si, ela pode mostrar seus "grandes lábios" não só pro tio Miltinho ou pra Vó Carminha. Ela pode mostrar pra quem ela quiser!
Quem não sabe sobre a realidade obstétrica brasileira, não consegue entender o tamanho do orgulho da mulher que consegue passar por cima de todo um sistema e parir com dignidade. Não entende o quanto é necessário esfregar na cara do sistema que somos donas dos nossos corpos e sim, podemos parir sem todas as intervenções inúteis e cruéis que são protocolo dos hospitais. Não sabem o quanto essas fotos de "xerecas parideiras pontocom" podem incentivar outras mulheres, que já tiveram sua segurança e auto confiança minadas por uma sociedade que acha que mulher não sabe mais parir.



Voltando ao início do texto, onde ela fala que confia mais em hospitais com salão de beleza e concerto de piano na recepção: Tati, ficaria tão mais legal se você falasse das taxas de cesáreas eletivas nesse tipo de maternidade... 
Gata, os números são maiores que 90%!
Então, gata, você sabe dos riscos ao bebê e à mãe nas cesáreas eletivas que são rotina nesses hospitais que poderiam ser hotéis 3 estrelas em Miami??? Posso citar vários, mas o mais comum é errarem o tempo do bebê e tirarem ele prematuro. Tipo, se você curte uma UTIzinha, umas furadinhas aqui, outras ali, acho que você ia adorar estar no lugar desses bebês, que mal chegam ao mundo, ja são submetidos a tudo isso...
Tudo isso, em troca de dinheiro, gata... 
Agora, se você foi em busca de ver uma mulher burrinha e baranga, e se surpreendeu ao ver um mulherão parindo like a lioness, mas ainda assim não entendeu, pode deixar que eu te explico: A namorada do seu ex colocou a "xuranha" pra berrar a quem possa ouvir, a seguinte mensagem: "Nós mulheres, podemos sim parir!".
Saiba que ela pode, eu posso, você pode, e com raras exceções, todas podemos! 
Aliás, se você gasta tanto com médicos, exames, tratamentos e hospitais, talvez fosse uma boa hora pra rever isso... Você talvez não precise disso!
Outra é que, convenhamos, você foi extremamente indelicada e invasiva ao falar da vagina alheia no seu texto pra um jornal de grande público. A dona da "ximbica" tem todo o direito de expô-la onde bem entender, mas você não tem direito de expôr o corpo de outra pessoa.
Quem não quer ver fotos de parto em sua timeline, que não curta páginas ou entre em grupos do assunto!
Se alguém compartilhou, oculte a publicação! Se essa pessoa insiste em compartilhar, oculte o feed! Não precisa necessariamente excluir, mas não deixa de ser uma opção!

Gente, sei que nem todas temos intimidade o suficiente com nossa vulva/vagina, mas sempre é uma boa hora pra começarmos a nos relacionar melhor com ela. Essa parte do nosso corpo é tão legal, tão prazerosa, útil... Pra que tanta vergonha??? 
Nesse texto aqui, dá pra entender super bem os motivos pelos quais acabamos não tendo intimidade suficiente com essa parte do nosso corpo, ou porque temos tanta vergonha dela...
É imprescindível sabermos tudo sobre ela, para entendermos nosso próprio prazer, e nosso parto! Para entender, precisamos tocar, sentir, experimentar... Não precisa ter vergonha, não precisa fazer isso na frente de outras pessoas, mas precisa se conhecer!

Um pouco mais sobre a "fobia" que somos condicionados a ter em relação à vaginas nesse texto aqui, e aqui também.

E, em tempo: Tati, vai se amar, por completo, até mesmo sua vagina! Acredite no poder natural do seu corpo, no poder da sua vagina! Pare de atacar a vagina alheia pra se sentir melhor!





quarta-feira, 16 de abril de 2014

Ser Pai e Ser Mãe

Sempre que vou ao parque, a quantidade de mães com filhos é enorme. Avós ou tias tem aos montes também. A maioria dos pais está sempre acompanhado de uma mulher, que é quem realmente cuida da(s) criança(s). Pais sozinhos com seus filhos é muito raro. A pergunta é: Por que isso acontece???

Percebo que os homens, em sua maioria, agem assim, como se não fossem capazes de cuidar de seus filhos sozinhos, e pior, quase sempre, com um certo "apoio" das mulheres!
"Ah, mas homem é assim mesmo"
Será que é assim mesmo? Ou será que estamos facilitando para eles de várias formas?

Já ouviram a expressão "sexo frágil" para se referir à mulheres? Pois então, se somos tão frágeis assim, por que assumimos tantas tarefas, ficamos sobrecarregadas, e os deixamos com bastante tempo livre?
Claro né, somos o sexo frágil só quando convém...

Sim, eu sei que muitas aprendemos dessa forma: Serviço doméstico é exclusivo das mulheres, assim como os cuidados com os filhos. Mas não deve ser dessa forma! Responsabilidade de ambos - seja com as tarefas domésticas ou filhos - ambos devem cumprir. A divisão desses afazeres sempre deve ser justa!

Antigamente, no tempo em que a maioria das nossas avós eram apenas donas de casa e mães, já eram sobrecarregadas. Hoje em dia, que a mulher é mãe, profissional, dona de casa, e sei lá mais quantas coisas, é que a coisa ficou feia!
A mulher quase sempre assume tudo isso, enquanto o pai de seus filhos tem tempo de sobra depois do trabalho, pra fazer o que quiser.
Pai precisa ser presente, não pra livrar a mulher, mas sim, porque é pai, tem um filho, e precisa ser participativo em sua vida. Isso se chama responsabilidade.

"Ah, mas ele está cansado, ele trabalha muito"
E você, não está cansada??? Tem noite que você acorda tanto, que nem parece que dormiu, não é mesmo? Isso quando, literalmente, não dorme, não é verdade? E cuidar sozinha de uma criança, não é trabalhoso de várias formas? Cansa, não??? E mesmo assim, mesmo querendo dormir por 10 dias seguidos de tão cansada, você ouve seu filho chorando a noite, ou ele vem te acordar por estar com algum problema, e ainda assim você levanta e vai cuidar dele até que tudo esteja resolvido, não é? Então, por qual motivo um pai não pode fazer o mesmo???

E a criança, que poderia contar com o pai e a mãe, acaba podendo contar só com a mãe. Não, não estou falando de dar dinheiro ao filho quando ele precisa de alguma coisa material, ou contrariar alguma ordem dada pela mãe para posar de ~pai legal~, não é nada disso. Eu falo de trabalho em equipe!

A criança que convive com pais desunidos, que tem como exemplo um pai que, depois de chegar do trabalho, fica deitado vendo TV, jogando video game, ou no computador, enquanto a mãe vai até altas horas trabalhando, só parando pra dormir, vai ver isso como normal. 
As meninas provavelmente vão se sobrecarregar desde cedo, e levar nas costas todos os problemas de um relacionamento.
Os meninos vão achar que é normal jogar nas costas das mulheres todas essas tarefas, e vão fazer isso, afinal, é cômodo. 

Automaticamente, muitos de nós deixamos as meninas pensarem que elas devem ser maduras, que devem saber fazer algumas coisas ainda na infância. Já para os meninos, damos liberdade para que cresçam ao seu ritmo, e que gostem de certas coisas até a idade que eles quiserem.

Mulheres, a maternidade é a deixa para desconstruirmos! Tudo o que aprendemos, deve ser reanalisado sempre, afinal, tem coisas que já não cabem nos dias de hoje. Outras coisas, nunca couberam!

Vamos desconstruir essa super mulher que dá conta de tudo - até porque ela nem existe- e decidir o que é melhor para nós mesmas! 
Sim, você mulher, é importante! Você merece ter tempo para tomar um banho demorado, comer uma refeição com dignidade, sair para lugares que não tenham nada a ver com crianças (a não ser que a realidade não permita que você, nem o pai, façam isso). 
Vocês podem e devem reorganizar a divisão de tarefas, e colocar um pouco mais de igualdade nisso! É justo com todos!

Ser Madrinha/Padrinho de uma Criança

Quando temos filhos, é uma alegria tão grande, que queremos compartilhar com todo mundo ao redor!
Quando temos pessoas queridas em nossas vidas, acabamos pensando que nossos filhos são tão importantes pra elas como são pra nós. Se for do desejo dos pais que seus filhos tenham padrinhos, obviamente, os pais escolhem um casal que eles acreditam que serão pessoas presentes na vida de seus filhos, no mínimo!
Então, se você acabou sendo escolhido para padrinho/madrinha de uma criança, aconselho primeiramente que você se saiba o que os pais do pequeno esperam de você. Apadrinhar uma criança pode significar algo diferente para cada pessoa, mas acredito que para todas significa ter carinho e ser presente na vida do apadrinhado.

Já ouvi dizer que padrinhos (religiosos) são aqueles que levam a criança para os caminhos de Cristo. Já ouvi dizer também que padrinhos são como tios, que mimam, dão presente, levam pra passear e dão carinho. Em outros casos, são as pessoas que os pais confiariam a vida dos filhos, caso faltassem na vida deles.

Se você está disposto a ser presente na vida da criança, ou dependendo da religião da família, ajudar os pais nesse sentido, aceite esse presente com carinho, sabendo que você é uma pessoa muito querida e de confiança. Mas, se você não quer, não tem tempo pra ser presente, ou não se preocupa o suficiente com a criança, e só pretende aparecer em datas comemorativas, rejeite educadamente. Antes causar uma mágoa nos pais, do que ser ausente e provavelmente causar mágoa também na criança.

Pra quem foi convidado a apadrinhar, pode achar que é só o momento do batismo e nada mais. Pode achar também que basta dar presentes. Nesse caso, deixe o cargo para ser preenchido por outra pessoa, que ficará feliz em cumprir com o papel de padrinho/madrinha como se deve.

Lembre-se também que você pode, um dia, acabar aderindo à uma religião que mude toda sua crença, e você passe a dar pouca ou nenhuma importância pela criança afilhada. Nesse caso, pense na consideração que os pais tiveram, e o apego que a criança provavelmente já desenvolveu por você. 
Você pode desconsiderar a cerimônia ou o que foi dito nela, pode não querer mais orientar religiosamente a criança por estar em outra religião, mas não custa ligar e perguntar, ir visitar as vezes, acompanhar o crescimento, ir nas festas de aniversário, dar presente...

Ah, e por último, mas não menos importante, antes de aceitar, lembre-se de que o bebê vira criança, a criança vira adolescente, e assim sucessivamente... Será que você está disposto a se importar com uma pessoa por tanto tempo???
É pra pensar, e levar tudo isso em consideração antes de aceitar esse tipo de convite. Para você, pode não parecer tão importante, mas para quem lhe convidou, provavelmente significa muito.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

A invasão ao espaço e à intimidade das crianças

Imagine-se nessa situação:
Você está andando na rua, e quase todos que passam, pegam em você, te param para comentar o quanto você é linda, pegam no seu rosto, nas suas mãos, mexem no seu cabelo, exigem abraços e beijos, e ainda se sentem ofendidos se você não dá.

Absurdo isso né??? 

Talvez você esteja achando impossível que isso seja verdade, que aconteça de fato com alguém, não é mesmo???
Agora olhe para a criança mais próxima de você:
Sim! É com ela mesma que isso acontece o tempo todo!

Imagina só o que ela sente, é o mesmo que a gente sente: Impotência, invasão, desrespeito, vontade de sair correndo...
Nós adultos reagimos quando isso acontece não é mesmo??? Mas reprimimos a criança que reage, como se fosse falta de educação.
Nós, que deveríamos protege-los, às vezes permitimos que outros lhe invadam a intimidade, como se essas "demonstrações de carinho" fossem obrigação da criança aceitar. 

Vamos começar a ter mais empatia com nossos pequenos??? 

Se as pessoas da rua fizerem isso, e é claro que vai acontecer várias vezes, deixemos nossos filhos decidirem se permitem ou não. E se notarmos que os outros estão sendo invasivos demais, mesmo que nossa criança não reaja, é hora de intervir!

Se fizermos dessa forma, estaremos criando futuros adultos conscientes do espaço alheio, do seu próprio espaço, com mais autoconfiança e respeito pelo próximo!

Amamentação: Tudo o que eu precisava saber antes de falhar com meus filhos mais velhos

Eu deveria saber que amamentar não é fácil, por muitas razões.

Nos dias de hoje, há solução artificial pra tudo, ou quase tudo o que envolve a maternidade. As vezes isso é bom, ajuda quem não está conseguindo naturalmente. Mas o capitalismo faz com que a mesma salvação de umas, seja o problema de outras...

Hoje em dia é fácil para uma mulher desistir da amamentação, pois ela encontra leite artificial, chupetas e mamadeiras - com preço super acessível - em quase todos os mercados e farmácias. Ela é incentivada a desistir por todos ao seu redor, inclusive pelo pediatra em muitos casos. 

Tudo o que eu precisava era ter insistido, e não ter ouvido a chuva de palpites embasados em NADA.

- O seio se fere nas primeiras vezes mas é normal, acontece com a maioria de nós. Alguém poderia ter me contado isso, daí eu ia parar de me sentir a criatura mais azarada do mundo, e que a amamentação só dava errado pra mim, e pro resto do mundo era fácil.

- O leite materno alimenta sim o bebê, desde o mais fominha até o que só quer saber de dormir. Aquele leite aguado que vemos ao apertar o mamilo é só o primeiro leite, serve pra matar a sede e é rico em sais minerais.
Já o segundo leite - que sai quando termina o primeiro - é rico em gordura, e enche sim o estômago do bebê. 
Por isso a importância de oferecer um peito a cada mamada, e deixar o bebê esvaziar o seio.

- A não ser por indicação do pediatra (desconfie daqueles que fornecem amostras de fórmula ou que as indicam mesmo sem o bebê perder peso), o leite materno é sim suficiente para o bebê até o sexto mês, e tudo o que for oferecido além disso, pode acabar atrapalhando a amamentação e impedindo que o bebê ingira o único alimento do qual ele realmente precisa.

- Nem sempre que o bebê vem ao peito, é fome. Eles tem necessidade de sucção, e essa necessidade deve ser satisfeita, preferencialmente, no seio. Só pra constar, a sucção acalma o bebê, o conecta na mãe, que é seu porto seguro, e ainda ajuda a aliviar as tão temidas cólicas... 
Nem sempre basta deixar o bebê limpo, aquecido e com a barriguinha cheia. Ele também precisa de colo e sucção.

- Sempre tem um pra dizer o quanto nosso leite é insuficiente, e não está sustentando... Bem, nossa confiança já é minada desde que vemos tantas mamadeiras e latas de fórmulas sendo vendidas por aí, daí vem o palpiteiro e diz isso, pronto, já é o primeiro passo para começarmos a pensar até que, por "capricho", estamos matando nossas crias de fome. 
Nessas horas, é bom lembrar que leite materno é feito especialmente para o bebê, e leite de vaca é para bezerros (e só deve ser administrado a bebês sob orientação médica, sempre desconfiando daqueles que já citei ali em cima). 

- Se pensarmos pela lógica, saberemos que o corpo da gente produz o que ele sabe que o bebê precisa. Se o bebê suga pouco (pois toma complemento), o corpo irá produzir menos. Se o bebê só mama no peito, o corpo irá saber a quantidade adequada a produzir. Quem amamenta exclusivamente já deve ter notado que o peito começa a se encher, e logo o bebê chora, pois é hora dele mamar e nosso corpo sabe disso!

- Se eu soubesse, ah se eu desconfiasse que peito não é estoque de leite, e sim, fábrica, e que a maior quantidade de leite é produzida durante a amamentação, só essa informação já teria me ajudado demais! Eu achava que deveria ter os peitos sempre explodindo de leite, para poder realmente encher a barriga de um bebê...

- Todas as fêmeas mamíferas amamentam seus filhotes. Elas se aproximam, deixam os filhotes mamarem, elas os mimam, lambem, e ficam lá o tempo que for preciso. Quando crescem, os filhotes largam sozinhos e vão ficando independentes. 
Já o ser humano tem uma mania tão estranha de se achar diferente disso, de pensar que vai estragar o filhote, que peito vicia, que colo demais faz mal, que lugar de criança não é junto da mãe, mas sim sozinha num berço distante... Por que querem tanto ir contra o natural??? Depois não sabem o motivo pelo qual a criança chora tanto! Aliás, muitas vezes julgam ser cólica, e pronto, tacam remédio no bebê, sem necessidade... 

- Bem, como se não bastasse tudo isso, ainda tem a falha na orientação às recém mamães, pois nas maternidades, pelo menos nas que eu tive meus filhos, eles só ensinaram como colocar o mamilo na boca do bebê, a famosa "pega correta". Mas só. Não houve explicação sobre a demora que pode acontecer até o leite finalmente descer, ou que o colostro não iria durar pra sempre. E nem sobre o resto.

Amamentar deveria ser um ensinamento passado de geração em geração, sem complicar o que é simples e natural. Dessa forma, quem escolheu amamentar, não iria encontrar tanta dificuldade e falta de informação.