terça-feira, 16 de julho de 2013

Bernardo enfrentando seus medos mais profundos

COMO O MEDO COMEÇOU:

Em um dia do segundo semestre de 2012, quando os metroviários ameaçaram fazer greve, ou fizeram, não me lembro muito bem, eu tive consulta pré natal, e meu filho quis ir junto comigo, pois ele é fascinado por transporte coletivo (não me perguntem o porquê  pois eu detesto, e o pai dele também não é fã rsrs).
Nesse dia, fui em m dois lugares diferentes, buscar um laudo de ultrassom em um, e passar em consulta em outro.
Para explicar, vou entrar um pouco no assunto copa do mundo, pois passei um perrengue por causa dela nesse dia! kkkkk
O governo desse país lindo que eu moro está querendo deixar o Brasil com aparência de país de primeiro mundo, e por isso, foram instaladas umas entradas e saídas "moderninhas" em algumas estações do metrô, nos bairros de classes sociais mais altas. São portas de acrílico que se abrem quando a pessoa passa o bilhete que dá acesso ao transporte, e se fecham assim que a pessoa passa por elas.
Assim que voltei do laboratório, encostei meu bilhete no sensor, e com a pastinha de documentos em mãos, passei pelas portinhas que se abriram, porém, elas "entenderam" que passaram duas pessoas, pois, antes de entrar, coloquei a pastinha a frente da minha barriga enorme. A porta se fechou em mim, o que me deixou com hematomas e dores, além das que a gravidez já causa naturalmente.
A funcionária veio correndo ver o que aconteceu, se eu precisava de ajuda  e tal. Muito prestativa! Mas fiquei com ódio daquilo tudo, pois além de ferida, todos olhavam para mim, e eu não gosto de ser o centro das atenções. .Não dessa forma.
Como estava atrasada para minha consulta, deixei por isso mesmo, e fui correndo e mancando  para o meu destino.
Como diz minha tia, "desgraça pouca é bobagem", então assim que fomos sair do trem, as portas se abriram e se fecharam em seguida, o que fez com que meu filho ficasse preso e também fosse ferido.
Eu estava apavorada, minha mãe com a mão também presa, e o meu filho gritando de dor e medo.
Um passageiro, em um impulso, se levantou e deu um soco no o dispositivo de emergência para quebrar  o lacre, e puxou a cordinha que faz com que as portas se abram.
Novamente, deixei pra lá e fui correndo para a minha consulta, mas me arrependo por não ter processado nem nada, pois fomos feridos todos no mesmo dia, em dois acidentes diferentes, mas o pior foi o dano que isso trouxe ao meu filho posteriormente.
Na hora que voltávamos da consulta, do outro lado de São Paulo, o Bernardo se recusou a entrar novamente na estação, e eu morrendo de medo de ficar presa na porta outra vez, mas dando uma de corajosa para que estimula-lo, pois não tinha possibilidade de voltarmos de ônibus daquela distância.
Conseguimos convencê-lo a entrar, mas ele passou a viagem toda tremendo, com o coração acelerado e os lábios sem cor devido ao medo de ficar preso outra vez. Na hora de passar pela porta foi uma tortura para todos nós!
Essa situação durou por meses, ele viajou utilizando o trem/metrô depois disso, por 2 vezes, pois não deu para ser de outra forma, mas precisei evitar sempre que possível.
Era falar de metrô ou de trem, que ele se recusava a ir, mesmo que fosse a lugares legais. O amor e a fascinação que ele tinha por eles virou pânico.

ENFRENTANDO OS MEDOS:

Eu moro na Zona Leste de São Paulo, e estava esperando ter o filme "Meu Malvado Favorito 2" no Cinematerna, pois estava doida para assistir!
Quando finalmente ia ter, adivinha só... No shopping Frei Caneca. Lá do outro lado de São Paulo!
Eu queria muito que meu filho fosse, mas sabia que ele ia dar trabalho devido ao medo.
Bem, como toda mãe, que sempre tem um jeitinho de improvisar para dar um jeito na situação, bolei um plano. hehehe
Chamei meu filho para perto da tela do computador, e mostrei a ele o quanto era legal o trem da linha amarela, moderno, e o melhor: Dá pra ver os trilhos!
Ele ficou encantado, mas com medo me questionou se a porta não fecharia nele. Eu falei que isso não acontece com frequência, e que os trens da linha amarela são mais modernos e dificulta o acontecimento de acidentes (nem sei se é verdade, mas torci para que fosse!).
Pois bem, ele se empolgou e disse que ia, mas só se fosse no "trem amarelo", porque ainda tinha medo dos outros.
Daí eu comecei a bolar um jeito de convence-lo a entrar no trem da CPTM, que fica próximo da casa da minha mãe, onde estávamos.
Acontece que minha mãe, que sempre fala mais do que deveria, contou a ele que, para chegar no "trem amarelo", era necessário ir com o trem da CPTM, que também ele tinha medo, pois uma vez, quase caiu no vão entre o trem e a plataforma, que, cá entre nós, é enorme!
Ele se recusou a ir novamente, então eu tive de apelar. rsrs
Fiquei falando o quanto o "trem amarelo" seria legal para ele, pois ele poderia brincar que era maquinista, entre outras coisas. Deu certo, e ele decidiu ir, desde que eu o levasse no colo quando passássemos pelas portas do trem.
Decidi levar a Melissa no carrinho, para que pudesse carrega-lo no colo então.
Chegou o dia, e fomos. Ele começou a sentir medo assim que chegamos na estação, eu percebi. Daí ele me olhou e disse: "Mamãe, meu corpo está querendo sentir medo, mas eu não vou deixar!"
Gente! Me deu um orgulho do meu menino! Que coisa mais linda! Tão novinho, e enfrentando seus medos mais profundos, como um verdadeiro homem.
Mas o melhor estava ainda por vir: Na ida e na volta, ele passou sozinho por TODAS as portas, sem a minha ajuda, morrendo de medo, mas enfrentou de maneira invejável para muita gente! E não derramou uma lágrima sequer!
Só vendo de perto para saber o nível do medo dele, era absurdo! Não era um medinho bobo, era algo que ele até passava mal, com direito a taquicardia e lábios sem cor. E ele foi lá e enfrentou tudo com muita coragem, tendo apenas seis anos de idade!
E a mamãe aqui baba mais e mais a cada novidade linda dessas dos seus filhotes!!!



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