domingo, 30 de junho de 2013

Sobre a educação dos meus pequenos: Eu digo NÃO às palmadas!

Seria muita hipocrisia dizer que meus filhos nunca levaram um tapa. Sim, eles já levaram! Pouquíssimas vezes, eles me levaram à loucura, e eu optei pela forma mais rápida de faze-los parar o que estavam fazendo. Mais rápida, menos eficaz, e mais cruel. Cada vez que dei um tapa nos meus filhos, me senti uma monstra inescrupulosa sem sentimentos.
Até então, nunca tinha ouvido falar sobre disciplina positiva. Cresci com o conceito de que não se deve surrar uma criança jamais, porém, uma palmada em último caso é extremamente necessária.
Mas algo dentro de mim dizia que isso era errado, e que devia haver outro modo de educar os filhos sem precisar machuca-los, faze-los chorar, sofrer e ainda, de "brinde", me sentir a pior das criaturas.
Não tive a ideia de procurar na internet, por imaginar que iria encontrar somente artigos longos de estudos psicológicos com uma leitura chata e difícil, e monstruosamente enorme. Então, tentei bolar alguma coisa sempre, mas não funcionava com a eficácia que eu imaginava, e vez ou outra, eu recorria para a palmada.
Quando engravidei da Melissa, fiquei muito interessada em descobrir coisas sobre a gestação que eu ainda não sabia, pois tive alguns contratempos nas gestações anteriores, acontecimentos que me deixaram triste e com um sentimento de que não aproveitei 100% a gestação, que deveria ser um momento mágico.
Entrei em um site para mamães, gravidinhas e tentantes, o Baby Center, e lá eu lia muito, muito, muito, e quando achava a explicação resumida demais, procurava outras. Assisti, não me lembro onde, muitos vídeos sobre a formação da criança (inclusive um que falava sobre a personalidade e até que ponto ela era hereditária). Entre um texto e outro, no final da gravidez, acabei me deparando com um que falava sobre educar sem bater.
Me interessei na hora, apesar de não acreditar muito nisso, cheguei a pensar que ia encontrar um manual de instruções extremamente difícil de ser seguido, assim como os métodos que eu já havia visto por aí. Eu não queria passo-a-passo de como educar um filho, eu jamais quis adestrar os meus, mas com as palmadinhas, era exatamente isso que eu estava fazendo.
Li muitas dicas sobre educar sem bater. Depois de saber que muitos pais conseguem, não quero bater nos meus filhos, nem de vez em quando, nem nunca mais!
Já apanhei da minha mãe, pouquíssimas vezes, mas me lembro da sensação de humilhação, tristeza profunda e raiva, muita raiva, que eu sentia. Quem quer que os filhos sintam isso???
Tem gente que argumenta estar fazendo o melhor pelo filho, então, é válido a criança sentir isso por um momento, para aprender alguma coisa para sua vida toda. Mas, será que a criança aprende mesmo? Ou será que ela não vai agir de uma determinada maneira por medo de sofrer uma punição física, porém, assim que crescer e tiver autonomia, vai faze-lo à sua maneira?
Talvez outras pessoas saibam responder essas questões melhor do que eu, afinal, não sou psicóloga nem nada disso. No meu modo de ver, por me lembrar do pensamento de amigos meus da adolescência, acredito que um dos motivos dos adolescentes terem fama de dar trabalho aos pais, é porque muitos deles não aprenderam realmente o que deveriam aprender, pois quando não deveriam agir de um determinado modo, levaram um tapa (ou uma surra), e não tiveram explicações dos motivos pelos quais os pais esperavam outro comportamento. Eles não sabiam exatamente onde erraram, só sabiam que não deveriam repetir o ato.
Eu já apanhei de um homem com quem me relacionei. Ele achava que eu estava errada em alguma coisa e me batia. Haviam dias que eram somente agressões verbais, mas os sentimentos após os dois modos de agressão eram os mesmos: humilhação, ódio, raiva de mim mesma, vulnerabilidade...
Algumas pessoas podem dizer que é obvio que eu não deveria me conformar em apanhar de homem nenhum, mas eu pergunto: Por que com a criança deve ser diferente? Ela que age mais por instinto ao demonstrar da forma mais primitiva seus sentimentos. Ela que não entende as regras antes de ser ensinada, e já apanha mesmo antes que alguém as ensine. Ela que precisa ouvir um milhão de vezes, se for o caso, para assimilar a informação.
Comecei a ler o livro "Besame Mucho" de Carlos González, que fala exatamente sobre esse assunto: como as agressões são tratadas de formas diferentes quando se tratam de adultos e crianças. Para adultos, é considerado violência doméstica. Para crianças, é considerado castigo físico. Por que será?
Confesso que ainda não terminei o livro, mas logo termino, estou gostando muito! Minha mente está mais clara para esse assunto, e mudei muitos conceitos que tinha antes, é muito esclarecedor! Recomendo!
Decidi educar meus filhos dando o exemplo, sendo como quero que eles sejam. Ainda estou em fase de adaptação a esse novo método que conheci, sem fórmulas mágicas ou prontas, pois quando se trata de seres humanos, cada um com sua personalidade, tudo precisa ser adaptado.
Não quero, e não vou, dar palmadas nos meus filhos nunca mais! Sorte da Melissa, que não vai precisar levar nenhuma palmada nunca.
Hoje em dia, falo sobre o que espero deles, e sobre as consequências dos seus atos, tanto os positivos quanto os negativos. Se eles fazem tudo, as coisas funcionam, daí eu faço alguma coisinha para eles comerem, ou levo eles para algum passeio, por exemplo. Se eles não fazem, eu peço uma, duas, mil vezes, até eles pegarem o hábito de fazerem todos os dias. Mas se não fazem, não ganham nada.
Não posso negar que, as vezes, enlouqueço um pouco, mas não os chingo, nem os ofendo. No máximo, em último caso, acabo elevando meu tom e volume de voz, não de propósito, somente quando perco toda a paciência. Tem horas que parece que, falando baixo e num tom mais ameno, eles não escutam. Espero que logo eles aprendam a ouvir sem que eu precise falar mais alto, pois isso é um mau hábito de ambos, eu tinha mania de gritar, e eles aprenderam que eu estou falando sério somente quando estou gritando.
Outra coisa que estou fazendo é ouvir o que eles tem a dizer. Se eles não puderem se comunicar falando, vão buscar outras formas de faze-lo, e é daí que surgem as birras, as manhas, etc. Não responder mal aos outros é uma coisa, não poder dizer o que sentem, mesmo em um momento de raiva, já é outra. Só não quero que, nesse momento, eles faltem com respeito às pessoas, fora isso, tem toda a liberdade de dizerem o que os levou a ter a atitude em questão.
Posso garantir uma coisa em relação à mudança no meu modo de educar: Eles obedecem mais rapidamente, e quando não o fazem, tem bons argumentos para isso.
Acredito que minha mudança está vindo porque eu estou tendo muita força de vontade, pois acredito no amor, e sei que crianças criadas com muito carinho, sem violência, e é claro, com orientação, se tornam adultos melhores. 
Quem quiser seguir por esse caminho, eu digo que não é fácil, exige muito esforço e força de vontade, mas os primeiros resultados aparecem rapidamente. A criança não vai virar uma estátua que fica sentada num canto o dia inteiro e nunca erra, criança assim não existe, mas ela, provavelmente, vai escutar mais e entender mais. E o melhor: ela vai crescer sabendo diferenciar o certo do errado, não porque sabe que vai apanhar, mas sim, porque sabe as razões pelas quais deve ou não tomar certas atitudes!

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